Marca da influenciadora Virgínia Fonseca nasceu digital e testa venda de maquiagens em quiosques

A marca de maquiagem e cosméticos WePink, da influenciadora Virgínia Fonseca, se viu no centro de uma polêmica nas redes sociais, no mês passado, a respeito do preço e da qualidade de uma base facial recém-lançada. Choveram críticas mas a companhia, aparentemente, soma um fã para cada hater. Num live commerce no último domingo, a marca conseguiu R$ 22 milhões de faturamento em apenas 13 horas de transmissão – ou R$ 1,7 milhão por hora.

Com 43 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora já convertia vendas para outras marcas que a procuravam para parcerias. A ideia de lançar uma marca própria, uma tendência entre as influencers, tomou forma depois que foi atendida, como cliente, por Samara Martins, em sua franquia de alongamento de cílios, a Pink Lash (a empresária acabou adotando o Pink como sobrenome).

Já no primeiro mês de operação, em setembro de 2021, com apenas um sérum multiativos para o rosto no portfólio, a WePink atingiu o breakeven operacional. Em 2022, a marca faturou R$ 168 milhões. Neste ano, a empresa projeta um crescimento de pelo menos 40% das receitas. A popularidade da dona na internet ajuda a engordar as margens da WePink.

A famigerada base de 45 ml foi lançada neste ano por R$ 199,90, mais que o dobro de outras marcas digitais de influenciadoras do ramo da maquiagem. A linha de Bruna Tavares, com 40 ml, é vendida a R$ 79,90 no site oficial e pode ser encontrada por até R$ 39,90 em algumas varejistas revendedoras; o mesmo produto desenvolvido pela Boca Rosa, da empresária e ex-BBB Bianca Andrade em parceria com a Payot, fica por R$ 66,90.

Os sócios da WePink argumentam que a quantidade de produto eleva a faixa de tributação e que o custo de produção é mais alto que o das concorrentes, mas admitem que anteviram polêmica. “É a primeira vez que a gente comenta esse assunto. Quando a gente planejou o lançamento da base, sabíamos que o preço poderia ser um problema. Sendo sincera, cheguei a ter dúvidas sobre o sucesso das vendas. Mas, como sempre acontece com as nossas linhas, todo mundo quis”, diz Samara Pink ao Pipeline.

Apesar do envolvimento na marca, Samara não tem participação financeira no negócio, mas seu marido, Thiago Stabile, é sócio e CEO. Além dele e de Virgínia, o chinês Chaopeng Tan, que trouxe a WeCoffee para o Brasil, também é acionista. “Nós temos muita confiança no nosso mercado. São mais de 300 mil clientes recorrentes por mês e é para esse público que nós trabalhamos, independentemente das críticas”, diz Stabile.

A estratégia de alta rotatividade, sem formação de estoque, garantiu um crescimento astronômico: se em janeiro de 2022 a empresa registrou receita de R$ 4 milhões, um ano depois era de R$ 25 milhões para o mesmo mês. É o que o CEO define como “pulmão”: a parceria com as duas fábricas terceirizadas, que recebem à vista pelos pedidos, prevê que a linha de produção fique em standby: matéria prima pronta para ser misturada e rótulos na esteira de montagem para entregar carregamentos de acordo com os pedidos.

O CEO atribui o ritmo de crescimento também à melhora do portfólio, que começou com poucos produtos direcionados a nichos e hoje já conta com 40 SKUs, de perfumes e maquiagem a roupão e loção para o corpo. O ritmo de lançamentos acabou sendo afetado, de início, porque o primeiro produto ocupou toda a capacidade produtiva da empresa. As 20 mil unidades produzidas para o lançamento esgotaram em horas.

“Antes de chegar na festa de lançamento, já tinha acabado. Mesmo antes de registrar o produto, a gente mostrava os testes nas nossas redes sociais e isso gerou muito desejo, as pessoas queriam saber que produto era aquele”, diz Samara. Com força de marketing, a WePink conseguiu a façanha de vender perfume para quem nunca sentiu o cheiro do produto.

Por isso mesmo, a WePink foi assediada por varejistas e redes interessadas vender o portfólio em lojas físicas de terceiros. Com exigências sobre as margens, no entanto, as propostas não atraíram o grupo de sócios — hoje, apenas as redes Drogaria São Paulo e Pacheco dispõem de alguns itens na prateleira.

A influenciadora ficou conhecida por vídeos no YouTube, mas foi com o Instagram e o TikTok que ganhou mais visibilidade. Casada com o cantor Zé Felipe, um dos filhos do sertanejo Leonardo, Virgínia também faz vídeos com a família, fala de moda, beleza e negócios.

O plano para a WePink é continuar fortalecendo a estratégia de marca nativa digital e testar o modelo de quiosques, mantendo a receita em casa. A WePink já tem seis unidades físicas em shoppings de Brasília, São Paulo e Goiânia. Ainda para este ano, a marca mira outras 40 inaugurações de quiosques próprios.

 

Escrito Por: Manuela Tecchio

Fonte: Pipeline Valor

O poder da polêmica: WePink vende R$ 1,7 milhão por hora
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