VP de Marketing do McDonald’s fala sobre como a empresa é atingida por fake news desde o começo da sua operação no Brasil, no fim dos anos 70

Neste mês, a Veja publicou uma nota em sua coluna Radar, umas das mais importantes do veículo, com o título “A guerra do hambúrguer”, afirmando que uma pesquisa do IPSOS colocava o Burger King no lugar do McDonald’s como o fast food preferido dos brasileiros, com cerca de oito por cento de vantagem.

Em resposta, o instituto de pesquisa afirmou que a nota da Veja foi publicada “sem o consentimento e o conhecimento” do instituto e que a informação não condizia com a realidade. O fato era que, o IPSOS havia feito uma pesquisa a pedido do Burger King, mas colocava a marca ao lado do McDonald’s como os fast foods preferidos dos brasileiros em um “empate técnico”, segundo a nota do IPSOS. A Veja não fez a retratação.

A história foi lembrada por Roberto Gnypek, vice-presidente do McDonald’s, em palestra a jornalistas e publicitários no Guarujá, litoral paulista, sobre a era da fake news. O executivo lembrou também de lendas urbanas que foram criadas colocando o McDonald’s no centro de polêmicas delicadas.

Carne de minhoca

Umas das primeiras fake news criadas sobre o McDonald’s era relacionada ao suposto uso de carne de minhoca nos hambúrgueres da rede. Gnypek diz que a história começou com a visita de jornalistas à fábrica da empresa, ainda nos anos 80, quando um deles comparou a maneira como a carne saía do moedor ao formato de uma minhoca. Isso bastou para a lenda ser criada. E começou exatamente entre profissionais da comunicação. “Se fosse verdade, a gente já teria quebrado, porque o quilo da minhoca é mais caro que o do filé mignon”, brinca o VP do McDonald’s.

A fake news (termo criado três décadas depois) acabou se tornando uma lenda urbana, mas não cumpriu seu papel de fustigar a imagem da marca, mas o contrário, a mentira acabou por promover a empresa, segundo afirma o próprio vice-presidente da empresa. Isso explica o porquê de o Burger King, grande concorrente da marca e envolvido na polêmica “guerra dos hambúrgueres” lançou, recentemente, a campanha publicitária “homem ou rato”. A peça criada para a TV foi lançada logo depois de uma polêmica sobre a presença de roedores entre os pães numa das unidades da rede. Na propaganda, a marca desafia os consumidores a consumir os seus lanches, brincando com o ditado popular que compara a pessoa covarde ao roedor.

Executivos preparados

O McDonald’s tem 35 mil restaurantes pelo mundo e está no Brasil desde 1979, com a primeira unidade no Rio de Janeiro. Em 1981, a empresa global inaugurou sua primeira loja na avenida Paulista, no centro de São Paulo. Hoje, são 1.500 unidades na América Latina, sendo que mil dessas estão no Brasil.

O impacto que fake news causam acabam sendo proporcionais ao tamanho da rede. Gnypek afirma que as mentiras contadas sobre as marcas pelo mundo acabam entrando no segmento de “notícias locais” para o consumidor desatento. Por vezes, não interessa se o caso aconteceu em qualquer outro dos 60 países nos quais o McDonald’s opera e nem se é verdade, e acaba virando notícia local.

Para combater as notícias imprecisas ou mentirosas, o McDonald’s tem investido no que o executivo chama de “banco de credibilidade”. Cada vez mais, a responsabilidade das marcas cresce diante da pulverização das notícias pelas redes sociais, cenário no qual as marcas assumem um papel, como nunca antes, de usar seu espaço publicitário para informar.

Gnypek diz que o McDonald’s tem se preocupado em assumir esse lugar de combatente de fake news e criador de conhecimento. “O fundamental é o executivo estar preparado para falar com as pessoas sobre os temas que as deixam inseguras. Já existe, hoje, toda uma estrutura dentro das companhias pautada em ética para que, quando uma crise acontecer, você usar esse ‘banco de credibilidade’”, avalia.

 

Escrito Por: Por: Raphael Coraccini
Fonte: Consumidor Moderno
Da carne de minhoca à perda da liderança: as fake news e o McDonald’s

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