Sodexo entra no varejo com rede de minimercados Noponto

Grupo já tem modelo de conveniência nos Estados Unidos; no Brasil, segmento é explorado por marcas concorrentes como Smart Break e Be Honest

Conhecida pela operação de restaurantes corporativos, vale-refeição e até serviços de limpeza, a Sodexo chegou ao varejo. A companhia vinha testando, discretamente, um modelo de minimercados batizado de Noponto, que chegou a 26 unidades e agora vai acelerar.

A Sodexo disputa um segmento que começou a ser explorado por startups como a paulista Smart Break – que passa de 400 pontos de venda e atraiu investidores como a Headline e o UVC, fundo corporativo do Grupo Ultra – e a mineira Be Honest, que pertence ao Grupo Supernosso, um dos maiores supermercadistas do estado, e já montou mais de 250 minimercados. Mas, considerando o universo de prédios de escritórios, plantas industriais e condomínios residenciais, é ainda um segmento incipiente.

“Fazemos pesquisas constantes com os clientes e análise de dados para entender as tendências de consumo. Na pandemia, a experiência em ambiente de trabalho mudou, e a questão de conveniência começou a aparecer com mais frequência”, conta Tomaz Peeters, diretor de marketing da Sodexo On-Site, ao Pipeline. “Estamos a todo tempo questionando o modelo tradicional do nosso negócio e buscando novas fontes de faturamento.”

A companhia analisou serviços e produtos já implementados em outros mercados globais que atua para criar uma operação brasileira. Nos Estados Unidos, a InReach passa de mil pontos de conveniência em ambientes corporativos, inclusive com modelo de licenciamento do micromercado sem atendimento. A Sodexo também já tem pontos de venda em alguns estádio internacionais que operam no modelo “just walk out”, como os mercados da Amazon.

No Brasil, a Sodexo colocou a Noponto em escritórios e em plantas industriais. Diferentemente das concorrentes de minimercado, o cliente não é o condomínio corporativo ou residencial, com o minimercado instalado no hall ou em outra área de comum acesso, mas em andares específicos de uma empresa. Quem paga a compra é o funcionário, como em qualquer outro mercado que ele acessaria no meio da manhã ou da tarde, com cartões de débito, crédito ou alimentação/refeição, mas o contrato para o uso do espaço é com a PJ.

Em plantas industriais, por exemplo, normalmente há uma área comum com cafeteria ou um restaurante que pode ficar em outro galpão ou na área de escritório. “Em alguns casos, a distância da cafeteria inviabiliza o consumo de conveniência em pausas curtas, demandando outra solução viável do ponto de vista financeiro e operacional para pulverizar esse serviço”, diz Peeters.

A companhia ainda não avaliou a possibilidade de entrar em condomínios residenciais ou se instalar em halls corporativos, o que exigiria uma outra dinâmica de abastecimento e controle, segundo o executivo. É também uma forma de reduzir o risco da chamada taxa de esquecimento – um eufemismo que as empresas do segmento usam para o furto. A Noponto tem mantido essa taxa abaixo de 4%.

Uma unidade da Noponto tem de 80 SKUs a 450 SKUs, com tíquete médio de R$ 8,60. O investimento vai de R$ 17 mil a R$ 35 mil por unidade, e a primeira meta da Sodexo é encerrar o ano fiscal, em agosto, com 31 lojas. A empresa não abre dados de rentabilidade, mas diz que a margem ficou acima do inicialmente esperado no MVP e é superior ao negócio tradicional de alimentação.

“É um modelo que a gente consegue escalar usando o conhecimento e a competitividade que temos ao operar mais de 1,5 mil restaurantes no país. A Noponto se beneficia muito dessa economia de escala ao comprar equipamentos como geladeiras, estufas e fornos”, diz Peeters.

A prestação de outros serviços corporativos dá vantagem à Sodexo para abastecer com mais frequência seus mercadinhos e incluir itens frescos ou fornadas de salgados quentes, por exemplo, o que é quase impossível na logística de um ponto de venda sem essa infraestrutura.

Ao mesmo tempo, os minimercados ajudam a Sodexo a continuar faturando diante da menor frequência dos funcionários em escritórios que adotaram modelo híbrido – cai o consumo no restaurante, por exemplo, mas adiciona um lanche que não era feito na base da empresa.
A Noponto faz parte da Sodexo On-site, uma das três divisões de negócios da companhia, que inclui a operação de restaurantes corporativos e facilities. VR e VA são parte de outra vertical, a Sodexo Benefícios, que deve ser cindida em uma nova empresa pela matriz, e uma terceira vertical abarca cuidados domiciliares, a Pronep Life Care.

 

Escrito Por: Maria Luíza Filgueiras

Fonte: Pipeline Valor