Os hábitos de consumo sempre moldaram a dinâmica de toda a cadeia de abastecimento. De modo geral, hoje, as lojas de vizinhança têm se tornado a opção simples, rápida e conveniente de compra. E, ao contrário do que era comum no passado, trabalhar com grandes estoques não é mais prioridade. Agora, as palavras de ordem são: atendimento, mix adequado e proximidade ou, simplesmente, conveniência.

Essa forma de atuação da cadeia de abastecimento foi estimulada pelo fim da inflação e os diversos cenários econômicos pelos quais o Brasil passou nos últimos anos, o que ocasionou a mudança de comportamento da população.

Hoje, ao invés das grandes compras nos hipermercados, o mais comum é o consumidor realizar compras menores e mais frequentes, muitas vezes apenas para a reposição de alguns produtos. Neste contexto, tanto a indústria como o próprio varejo precisaram se adequar, ampliando as exigências sobre o distribuidor.

Os varejistas passaram a realizar pedidos menores e mais frequentes aos fornecedores. A indústria, por sua vez, sempre preocupada em garantir a presença dos produtos no ponto de venda, tem exigido distribuidores organizados e comprometidos, capazes de trabalhar o conceito de cobertura numérica, levando seus produtos a um número maior de pequenos pontos de venda. Lembrando que, segundo pesquisa Nielsen, de junho de 2013, o consumidor que não encontra o produto procurado na gôndola, em cerca de 70% dos casos, troca de marca. Essa realidade torna a distribuição uma das etapas mais importantes do processo, pois estamos falando de mais de 1,2 milhão de pontos de vendas em todo o País.

Porém, esta pesquisa expõe um agravante muito importante. A falta do produto na gôndola de um hipermercado, certamente levará o consumidor a trocar de marca, pois está refém do mix disponível. Por outro lado, se este evento acontece no pequeno varejo, nada impede o consumidor de atravessar a rua e buscar o produto desejado em outra loja. O que ele não encontrar num supermercado poderá encontrar numa farmácia ou padaria próximas, também com preços competitivos e bom atendimento. Isso mostra que o mix adequado por canal é algo ainda mais importante para o pequeno varejo.

Outra pesquisa, dessa vez do Sebrae, aponta que as lojas de vizinhança cresceram 63% nos últimos cinco anos, invertendo a participação destes dois segmentos nos números do varejo. Há dez anos, as grandes redes eram responsáveis por 36% das vendas e, atualmente, não passam de 22%. Já as lojas de vizinhança, que representavam 30%, segundo pesquisa da GFK, já respondem por mais de 40% do volume de vendas em alimentos, higiene, limpeza e perfumaria. Este crescimento fez com que grandes redes tenham criado lojas com características de vizinhança, algumas com novas bandeiras, como: Minuto e Mini Extra (GPA), Smart (Grupo Martins), Carrefour Express, Dia% Market e o próprio Wall Mart.

Além de se profissionalizar e fortalecer seus diferenciais de conveniência, o pequeno varejista precisa ser abastecido uma ou até duas vezes por semana para que possa satisfazer e fidelizar seus clientes, garantindo assim sua própria saúde financeira apoiada por estoques mais baixos e preços competitivos.

Rafael Rojas Filho é Diretor da Target Sistemas. Via: Varejistas

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Varejo de vizinhança e o novo comportamento do consumidor
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