Companhia terá aumento de capital de R$ 100 milhões, ancorado pela WNT
Depois de reestruturar a dívida, a companhia de moda Restoque está trocando o figurino corporativo. A capitalização do grupo dono de marcas como Le Lis e Dudalina será ancorada pelo novo controlador, a gestora WNT, cujo maior investidor é o Banco Master, de Daniel Vorcaro.
A WNT vai entrar inicialmente na proporção de sua participação (hoje de 55,9%), mas pode eventualmente ficar também com as sobras de subscrição. O valor por ação será de R$ 1,70, o que representa um ágio de 12,6% em relação ao fechamento de hoje, e haverá um grupamento de ações na proporção de oito para uma.
O caixa será usado pela companhia para continuar seu programa de reforma de lojas e digitalização. “A gente vem fazendo um plano de várias ações na companhia desde 2019 que já mostraram resultado, com um crescimento de forma organizada e com responsabilidade. As lojas reformadas dão retorno em média 20% maior que as outras e têm um payback melhor do que inaugurações”, explica Marcelo Lima, presidente do conselho, ao Pipeline. “Com o aumento de capital, a gente acelera isso.”
A companhia tem 186 lojas e já reformou 10. No ano que vem, vai reformar um terço da rede, nas diferentes marcas. A ambição da Veste é mais que dobrar o Ebitda até 2025, com uma expansão de 50% da receita e ganhos de eficiência e margem. Nos últimos meses, a companhia conseguiu impor o preço cheio nas marcas principais, deixando de lado promoções e ainda assim reduzindo os estoques.
Na administração, o atual diretor de operações Alexandre Afrange será o CEO do grupo, uma cadeira que ele já ocupou em 2014. Livinston Bauermeister passa da presidência executiva para uma cadeira no conselho, que será composta ainda por Luciana Cezar Coelho, já membro do board, e os estreantes João De Biase (ex-Itaú), Paulo Figueiredo (da acionista Geribá Investimentos) e Carolina Wosiack (executiva da CI&T na Europa). Lima, acionista de referência de longa data, segue como chairman.
- Desalavancada, Restoque quer retomar foco em crescimento
Afrange tinha deixado a companhia e voltou como head da marca Le Lis (nova roupagem da Le Lis Blanc), que representa 40% do negócio do grupo. “Deu tão certo que ele virou COO em julho do ano passado e agora CEO da companhia”, diz Lima.
A segunda marca de maior faturamento é a John John, com cerca de 25%, e a surpresa, segundo o acionista e conselheiro, tem sido a retomada de Bo.Bô, a marca de tíquete mais alto do grupo, graças a ajustes de coleções e estratégias para retomar a cliente que tinha estranhado mudanças anteriores.
Na Dudalina, o caminho será um pouco mais longo, mas Lima avalia que é uma das marcas da casa com maior potencial de crescimento, dado que ficou mais comprimida nos últimos anos com mudanças na fábrica e na equipe. A companhia não considera uma reavaliação de portfólio, com eventual venda de alguma das marcas, mas pode considerar aquisições, segundo Lima – o que há pouco tempo era impensável, em meio à reestruturação.
Em nove meses, a companhia registrou vendas de R$ 969 milhões, alta de 32% em relação ao mesmo período do ano passado e de 6,8% em relação a 2019, para base de comparação antes da pandemia. O Ebtida foi de R$ 140 milhões, alta de 205% em relação ao mesmo período do ano passado. O desafio ainda é o resultado líquido, que ainda não passou ao positivo, com prejuízo de R$ 169 milhões de janeiro a setembro.
Escrito Por: Maria Luíza Filgueiras
Fonte: Pipeline Valor