Atualmente, apenas 14 bilhões de compras são pagas por meios eletrônicos. Desse volume, 1/3 sem a apresentação do plástico. Setor movimentou cerca de R$ 1,6 trilhão em 2018

A indústria de meios de pagamento eletrônico no Brasil alterou a ordem do provérbio árabe: o inimigo de meu inimigo é meu amigo quando se trata de seu principal concorrente no momento em que o consumidor opta por uma forma de checkout: o dinheiro. Quando o papel moeda é o alvo, Mastercard e Visa, operadoras que lideram esse mercado, não hesitam em defini-lo como o adversário em comum.

Para acabar com a hegemonia do dinheiro no consumo nacional, a indústria aposta suas fichas no avanço das transações por meio de cartões não físicos – carteiras digitais, contactless e demais modelos em funcionamento nesse mercado em constante evolução.

Para termos uma ideia do desafio, o Brasil deve encerrar 2018 com 14 bilhões de pagamentos por meio de cartões, volume que representa apenas 35% das compras realizadas em território nacional. Quando olhamos para as operações com modelos não físicos, elas correspondem a 1/3 desse número, ou seja, cerca de 5 bilhões.

Presidente da Mastercard no Brasil e Cone Sul, Pedro Paro Neto é direito ao apontar o dinheiro como a grande barreira para o avanço das transações por meio eletrônico. “Nossa meta para 2019 é competir com o dinheiro intensamente. É ampliar a cultura do meio não físico de pagamento”.

De acordo com dados repassados pela Mastercard, o número de transações por meio de carteiras digitais cresceu 800% entre janeiro e novembro deste ano, passado de 90 mil para 815 mil. Na avaliação do executivo, o número ainda é tímido quando se olha para o tamanho do mercado nacional, mas revela que há um potencial expressivo a ser explorado.

Para que isso ocorra, ele informa que o foco dos investimentos será o processamento de dados e a inteligência artificial. O objetivo é entregar um modelo de cartão específico para cada consumidor. “Com a melhor utilização dos dados, eu vou conseguir entregar o cartão certo, na hora certa e no modelo esperando pelo cliente.”

A segurança também será alvo da empresa. Com uma previsão de R$ 1,6 trilhão em transações neste ano e uma projeção de crescimento de 17% para 2019, chegando a R$ 2 trilhões, o executivo conta que a meta é oferecer um produto seguro e com o “mínimo possível de fricções”.

Na avaliação de Paro Neto, a soma desses fatores deve colocar o Brasil finalmente na agenda global de pagamentos por meios de aproximação. “Hoje, o Brasil ainda está fora dessa agenda, à margem desse grupo. Acredito que entraremos nele efetivamente em 2019”.

Cidades preparadas para os meios eletrônicos de pagamento
Do lado da Visa, a estratégia para alavancar o uso de meios de pagamento eletrônicos passa, inicialmente, por um mapeamento da estrutura oferecida pelas cidades brasileiras para a substituição do dinheiro. Na semana passada, a Visa Consulting & Analytics (VCA), área de consultoria da operadora, apresentou um ranking elencando quantos municípios estão preparados para assumir a empreitada.

Batizado de Índice de Maturidade para Pagamentos Digitais, a iniciativa adotou quatro categorias de classificação: cidades prontas, em transição, emergentes e iniciantes. De acordo com os resultados apresentados, apenas 206 (3,8%) das 5.570 cidades brasileiras estão prontas para atender totalmente o varejo interessado em reduzir a circulação de dinheiro e ampliar os meios digitais de checkout.

Na tentativa de ampliar esse número, a empresa escolheu 200 cidades, hoje classificadas como em transição, para colocar em prática um processo de “ataque” e consolidar a estrutura ofertada e ampliar o uso dos cartões. “Optamos por municípios polos, ou seja, com fluência direta nas formas de pagamento em um conjunto de cidades que estão localizadas no entorno deles. O objetivo é enfrentar o nosso principal concorrente, o dinheiro”, explicou Rodrigo Santoro, diretor da Visa Consulting.

 

Escrito Por: Davi Franzon
Fonte: Novarejo
Para 2019, indústria de cartões coloca o dinheiro como o concorrente a ser superado

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