Marca de brinquedos quer expandir rede de maquiagem para crianças com franquias para chegar a 250 lojas no país
Uma das mais tradicionais marcas de brinquedo do país, há 85 anos no mercado, a Estrela criou uma vertical de beleza e perfumaria infantil, que se define a primeira marca de “play makeup” do Brasil. A Estrela Beauty tem como público-alvo crianças a partir de 3 anos de idade e, depois de testar o mercado com lojas próprias, vai partir para um plano de franquias.
A proposta da marca, como a companhia reconhece, pode ser interpretada com alguma polêmica. “Nossa principal preocupação é de que a linha não seja vista como um incentivo à vaidade precoce. Nas nossas embalagens e mesmo no atendimento há sempre um estímulo à autoestima e à criatividade da criança”, explica Carlos Tilkian, CEO do grupo Estrela desde 1996. “Você quer ser uma princesa ou uma guerreira? Ou o jeito certo de usar esse batom é como você quiser. São exemplos de frases que usamos.”
- Britânica Sandbox compra Playkids e põe Movile no conselho
Entre os produtos de beleza, há desde batom e esmaltes até água micelar e lenço demaquilante. O catálogo também conta com itens mais orientados ao unissex, como perfumes, tintura temporária para o cabelo e um xampu que pode ser customizado, com fórmulas hipoalergênicas. As lojas também vendem acessórios para crianças, como fones e mochilas. O estilo casa de boneca lembra uma mini American Girl, a loja que é um fenômeno no mercado americano.
Os preços são tabelados em todas as unidades e no e-commerce, que por enquanto só atende a grande São Paulo. Um batom, por exemplo, sai por R$ 35, e os esmaltes custam R$ 15. Mas há paletas de sombra por cerca de R$ 130 e mochilas que chegam próximos de R$ 200. Também vem sendo testado um tipo de serviço atrelado à marca: a equipe de vendedores das lojas Estrela Beauty participa de eventos, como festas de aniversário, levando os produtos para interagir com as crianças.
A taxa de conversão de venda para quem entra em uma unidade é de 70%. Tilkian diz que o atendimento em loja é cuidadoso para que não haja pressão pelo consumo, adequado à faixa etária do público-alvo. “É um conceito bem moderno de varejo, com foco na experiência. A criança entra, pode se sentar na penteadeira, pode usar os produtos e não tem compromisso de compra”, diz o executivo.
Até agora, a Estrela Beauty só tinha unidades próprias em cinco shoppings de São Paulo, mas contratou o Grupo Bittencourt para formatar um plano de franquias. A meta é ter 250 lojas da marca em cinco anos, estratégia que permitirá também a expansão do ecommerce, hoje limitado à capital paulista. Até o fim do ano, o grupo espera abrir cinco lojas no novo sistema — as negociações mais avançadas são todos para o interior de São Paulo.
- Sabrina Sato, a empresária: com app Be Brave e marca infantil, são 10 empresas no portfólio
Como parte de uma estratégia de diversificação, a Estrela também abriu sua própria editora de livros infantojuvenis, há cerca de cinco anos – outrra aposta ousada, considerando o cenário do mercado editorial. Com foco em licitações, no entanto, a empreitada tem dado certo. A Editora Estrela Cultural teve seis de seus títulos selecionados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para o catálogo da Feira do Livro Infantil de Bolonha – a maior feira internacional de livros infantojuvenis que acontece no mundo.
“Com a pandemia, a gente sentiu que houve o resgate do hábito de leitura entre pais e filhos. Mudou o comportamento. Entramos num momento difícil de varejo, mas a mudança na rotina fez com que as pessoas voltassem a ter mais convívio familiar, o que ajudou a editora e também o negócio de brinquedos”, explica Tilkian. Em 2021, a venda de livros cresceu 20% e a de brinquedos, 30%.
No último ano fiscal, o grupo Estrela registrou faturamento de R$ 170 milhões. A companhia conta hoje com 1,2 mil colaboradores e três unidades industriais em São Paulo, Minas Gerais e Sergipe. Se o plano de cinco anos para a Estrela Beauty se concretizar, a companhia acredita que a marca pode ser responsável por dobrar sua receita consolidada.