Marca paulistana de comida saudável por delivery quer abrir mais cinco dark kitchens e atender toda a Grande São Paulo

Um pouco de sopa, um pouco de salada. A Da Mata, uma startup de delivery que já faz R$ 8 milhões em vendas na capital paulista, quer escalar. Num mercado de rivais capitalizadas como Olga Ri (que acaba de receber um aporte de R$ 30 milhões da Kaszek), Greentable e Livup, a startup fundada pelas irmãs Juliana e Isabella Siqueira busca o ingrediente que falta no prato: um cheque de R$ 5 milhões.

A Da Mata está em conversas com potenciais investidores para trazer os recursos necessários para a expansão. Nas abordagens com family offices e gestoras com experiência no ramo de alimentação, a startup está fazendo um pitch que explora o potencial da abertura de novas dark kitchens para cobrir toda a Grande São Paulo até 2023.

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A trajetória da startup começou em 2017, quando as duas irmãs decidiram começar a montar saladas para entrega na cozinha de uma casa no Brooklyn — no mesmo endereço onde até hoje fica o escritório da companhia e a cozinha que mais recebe pedidos. Naquela época, a Da Mata vendia de 20 a 30 pedidos por dia — atualmente, são mais de mil — e acabou atraindo o interesse de Caio Ciampolini, que investiu no negócio para escalar a marca preservando o uso de orgânicos como um diferencial.

“Desde o início, entendi que os diferenciais nesse negócio eram marca e o produto. Plataforma todo mundo tem: você pega uma white label, bota no iFood, usa uma logística com o formato parecido. O coração da empresa é ter uma marca forte e reconhecida, com um propósito muito claro”, conta Ciampolini, que se tornou o CEO e controlador da startup. “Quando eu encontrei a Da Mata, a empresa já tinha relação com pequenos produtores de orgânicos, boas receitas. Era algo muito valioso que estava sendo subaproveitado.”

Na Da Mata, Ciampolini não é um empreendedor de primeira viagem. Depois de iniciar a carreira no mercado financeiro, com uma passagem pelo banco Safra de Nova York, ele fundou a Startando, em 2012. A plataforma de crowdfunding chegou a levantar R$ 2 milhões para projetos culturais, mas não durou muito tempo. Na época, o executivo acabou aceitando um convite para se tornar sócio do CluBeer, um clube de assinatura de cervejas artesanais mais tarde adquirido pela Wine. Ali, a ficha caiu: gostava mesmo de empreender no ramo de alimentação.

“Naquela época, percebi três tendências muito fortes: o delivery, a alimentação saudável e a demanda por orgânicos”, conta Ciampolini. Ao assumir a Da Mata, o empresário trouxe Giovanna Kalichtzuk como COO. Mais tarde, os dois compraram a participação das sócias fundadoras e, hoje são os únicos proprietários. Ciampolini detém 90% das participações e Kalichtzuk, 10%. Juntos, os dois já investiram R$ 1,3 milhão na companhia, que até hoje opera com capital dos sócios.

De lá para cá, a gestão se profissionalizou, mas o produto idealizado pelas irmãs se manteve. A Da Mata ainda produz suas saladas e sopas com produtos orgânicos. Para não deixar a desejar no sabor, a marca trouxe o chef Marcelo Felipe, ex-Maní e Ema, para repaginar o menu.

Atualmente, a Da Mata conta com quatro dark kitchens no centro da capital, uma delas recém-inaugurada e um total de 50 colaboradores. Para atender também à região do ABC, um plano que deve ser concretizado até o fim do ano que vem, serão necessárias pelo menos mais cinco unidades. Ainda neste ano, a empresa aposta na abertura de mais uma cozinha e de um restaurante conceito no centro da cidade, para refeições rápidas com autosserviço no local ou take away. A expansão para outras capitais e para o interior do estado ficam para depois, mas nada de franquias: a ideia é seguir abrindo cozinhas próprias.

Outro pilar da estratégia é a diversificação. No segundo semestre do ano passado, as sopas, que eram sazonais no cardápio, ganharam uma vertical própria, a Da Mata Sopas. A empresa ainda prepara o lançamento uma nova marca em 2022, a Da Mata Poke, que vai servir o tradicional prato havaiano.

Em janeiro, a companhia também lançou a Maialino, uma marca de paninos — receita italiana de sanduíche de embutidos no pão ciabatta. A Maialino já representa 15% do faturamento e deve ser responsável por 30% até o fim do ano, quando a startup espera chegar a um faturamento de R$ 20 milhões. Apesar dos cardápios e contas separadas no delivery, tudo é produzido nas mesmas cozinhas.

Para atender à clientela, a empresa conta com uma plataforma própria onde podem ser feitos pedidos de suas marcas Da Mata Salada e Da Mata Sopa. O sistema proprietário é responsável por 25% das vendas. A maior parte dos pedidos, no entanto, ainda chega por aplicativos parceiros, como Rappi e iFood.

Há algum tempo, a companhia também pesquisa formas de reduzir o lixo gerado pelo delivery — um verdadeiro pesadelo dos consumidores, agravado pela pandemia. Hoje, depois de dois anos de testes com a Já Fui Mandioca, a Da Mata finalmente se livrou do plástico. A startup agora só usa embalagens produzidas apenas com fibra de mandioca, água e ar e que, quando descartada na natureza, vira adubo em 20 dias.

 

Escrito por: Manuela Tecchio
Fonte: Pipeline Valor
A Da Mata busca o que faltava na salada: um cheque de R$ 5 milhões
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