Rede já fatura quase R$ 5 milhões com proposta de alimentação saudável nas escolas

A Lanche&Co, uma rede de cozinhas que fornece merenda feita com alimentos naturais a escolas particulares, enfrenta diariamente o desafio de convencer crianças a comer de forma saudável, na missão de substituir o salgadinho oleoso pelo sanduíche de grão de bico.

Embora a tarefa possa parecer hercúlea, a empresa criada há 11 anos em São Paulo fatura R$ 4,8 milhões por ano e está em expansão. A clientela conta com nomes como a rede internacional bilíngue Red House, as escolas da Rede Adventista e inclui até os jovens adultos da Inteli, a faculdade de tecnologia fundada pelos sócios do BTG Pactual.

Para este ano, a expectativa é que a receita cresça em torno de 60% — e o ritmo até poderia ser mais agressivo, não fosse a postura pé no chão da fundadora Lara Folster. Ela tem uma fila de espera de escolas que desejam o seu serviço e também recebe pedidos para trabalhar em eventos corporativos. Mas tem sido difícil achar o investidor ideal para ajudar a escalar a operação, embora já tenha recebido propostas. A maior dificuldade, ela explica, é conseguir um sócio que não olhe só para planilhas.

“Eu nunca encontrei um investidor que entendesse o nosso cerne, os nossos valores: a gente não quer só resultado financeiro. E algumas escolhas muitas vezes são incompreendidas. Nós usamos, por exemplo, produtos orgânicos que chegam a custar oito vezes mais que o tradicional. Claro que não é pensando em margem”, desabafa Folster. “O crescimento da Lanche&Co sempre foi orgânico e eu estou super presente na operação. Quero que continue assim.”

A ideia do negócio nasceu de uma necessidade pessoal. Quando o filho Gael começou a ir à escola, Folster preparava lanches saudáveis para tentar manter uma alimentação de qualidade. Mas enquanto o pequeno comia sanduíche de grão de bico, havia coleguinhas com salgadinho e refrigerante na lancheira. “Era difícil ganhar”, lembra a empreendedora, hoje mãe de outros dois. “Quando a gente começou a falar da importância do orgânico, isso ainda era coisa de ‘bicho grilo’.”

Folster estudou gastronomia no Natural Gourmet Institute for Health and Culinary Arts, de Nova York, ainda antes de ser mãe. Depois que Gael chegou, no entanto, se aproximou da cozinha “ativista”: em 2012 se tornou uma das apenas três embaixadoras voluntárias no Brasil do projeto Food Revolution, movimento do estrelado chef Jamie Oliver por comidas menos processadas e dieta plant based.

Foi nesse ano que surgiu a Lanche&Co, com um investimento inicial próprio de R$ 300 mil. Hoje, a companhia serve refeições saudáveis para cerca de 3 mil crianças e adolescentes em escolas de São Paulo. A cobrança é feita em forma de mensalidade, eliminando atrito para os pais e alunos.

Saudável, no entanto, não precisa ser sem graça, diz a fundadora. Com pesquisa e criatividade, a Lanche&Co investe em receitas originais para atrair os pequenos. O cardápio conta com opções tão curiosas quando o bolo de abobrinha com gotas de chocolate orgânico ou o brownie de espinafre com cenoura — dois sucessos de público. Mas há também o básico, desde arroz e feijão, e lanches, como hambúrguer, além de sushi.

Há pouco tempo, a demanda por um segmento de lanches vegetarianos originou a mais recente Garden&Co, que fornece para escolas da Rede Adventista. Por enquanto são apenas três unidades atendidas, mas já mirando uma expansão. Com produtos que levam ovo e leite, a vertical tem um modelo de negócios diferente: são vendas únicas e o ticket médio é de R$ 10 por estudante.

Na Lanche&Co, ainda cabem outras preocupações sociais na receita. Quem faz a coisa acontecer são cerca de 70 mulheres, a maioria chefe de família, entre cozinheiras, chefs e nutricionistas. Na pandemia, mesmo sem operar, a empresa não demitiu ninguém. Outra iniciativa foi bancar a formação superior de boa parte das profissionais.

 

Escrito Por: Manuela Tecchio

Fonte: Pipelinevalor

Lanche&Co quer fazer criança comer espinafre — e investidor pensar além da margem
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