Em um inverno cumpro meu plantão quando ouço  na comunicação da segurança do Shopping que estava acontecendo um desentendimento no primeiro piso. Lá vou eu ver o que estava acontecendo e vejo que era uma grande confusão, tal o número de pessoas batendo boca. E o pior: tinha certeza que aquilo iria se transformar em pancadaria logo.



Os envolvidos foram acompanhados para a segurança, como única forma de acalmar os ânimos e principalmente liberar o corredor. A esta altura tudo está totalmente congestionado pelos curiosos. Na segurança consigo ao menos entender quem era quem.

 

Tínhamos um casal de idade, acompanhado por uma moça dos seus 30 anos muito nervosa. Do outro lado do ringue, um casal e um bebê no carrinho que dormia tranquilamente no meio da confusão. Este último casal me chamou mais a atenção, pois também discutiam entre eles. Ela dizia que o gordinho ao lado era maluco, mentiroso, etc. O gordinho, bem vestido, com cara de quem está bem de vida, mas levando jeito de malandro.
Mais tarde foi o gordinho que depois me contou como a confusão começou e aí entendi tudo.
Ele me disse ele que havia saído com o filho para passear, já que a mulher ia passar a tarde toda no cabeleireiro fazendo, como dizem, funilaria e pintura. Ele achou que seria melhor ir para o Shopping assim o tempo passaria mais rápido e veria, como ele me disse, as gatinhas.
Quando foi estacionar, ele viu uma loira linda estacionando também, mas com uma certa dificuldade e isso foi a deixa para o gentil papai se oferecer para ajudá-la. Estacionado o carro, o papo começou, mesmo com o vento frio incomodando. Ele diz a ela que está fazendo um favor a cunhada e levando o sobrinho para passear enquanto ela cuidava do cabelo. Ou seja o filho virou sobrinho e a mulher virou cunhada. Isso acabou pegando bem e entraram no shopping passearam e no final resolveram sentar em um café para conversar, se conhecerem melhor.

 

Depois do café, uma nova rodada pelo shopping e, nesta altura, com telefones trocados e com um jantar combinado para a semana seguinte, aconteceu o seguinte: Quando conversavam, riam muito, e até pegavam levemente nas mãos, eles escutam: “O que é isso Marcelo*?”, quem falava isso era a sogra plantada na frente do casal. “Fala quem é esta vagabunda?” o sogro falava e a cunhada ameaçava sair na pancada com o Marcelo, sempre dizendo: “Eu falava que ele não valia nada!”

 

O Marcelo se sentindo assustado e com vergonha, ainda ouvia a sua nova conquista perguntar: “Marcelo, meu bem, quem é esta velha louca?” Neste ponto o Marcelo resolve tomar conta da situação: “Não é o que vocês estão pensando, esta jovem é uma babá que estou contratando para cuidar do Marcelinho e nada mais!””
Uns segundos de silêncio e cai a ficha da loira: “Que babá o que? Vocês são malucos?”

E assim surgiu o tumulto que contei no início. Você agora deve estar pensando. Como acabou isso? Na segurança a loira transformada em candidata a babá ofendeu a todo mundo e pediu para ir embora, que eu concordei na hora. O Marcelo sem a pressão da loira, malandro, convenceu a sogra e o sogro que nada era além disso. A cunhada continuou a falar que ele estava mentindo. Saíram todos na boa e o Marcelinho no colo da vovó.

 

*Marcelo é um nome fictício para proteger a identidade do rapaz.

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Recomendado por Edilson Mota de Oliveira
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