A grife americana Gant suspendeu suas atividades no Brasil ao fechar seus três pontos de venda, entre eles a “loja-conceito” nos Jardins, luxuoso bairro de São Paulo, informaram fontes do setor nesta quinta-feira, aumentando a lista de marcas internacionais que desistem do país, que inclui ainda a Ralph Lauren e, em parte, a Tommy Hilfiger.
Quando a Gant, uma das mais emblemáticas casas americanas de moda “casual sport”, chegou ao Brasil, em 2008, desembarcou com a inauguração de três lojas em menos de um ano em endereços exclusivos de São Paulo e de Curitiba.
Em 2010, a marca planejava, como disse à época o presidente da Gant no Brasil, Luiz Mendes, “abrir mais 20 lojas a partir de 2013 e estar presente em mais de 200 pontos de venda em todo o país”.
Em vez disso, em 2013 a Gant fechou suas três lojas no Brasil.
Em comunicado, a assessoria da marca informou que “a empresa Gant está revendo sua estratégia operacional no Brasil, e por enquanto não podia fornecer mais detalhes sobre o assunto”.
CUSTO ELEVADO
Assim como todo o setor de luxo, a Gant enfrenta os elevados custos ao consumidor final por conta das altas taxas de importação de roupas no país. O tíquete médio (valor médio das vendas) da Gant-Brasil é de R$ 860.
Além dos muitos impostos, no Brasil as marcas enfrentam outros desafios de logística e administração, como a morosidade na burocracia e os problemas nos trâmites alfandegários, que atrasam a chegada das coleções aos pontos de venda.
Além disso, para posicionar seu produto as marcas pagam quantias astronômicas pelo aluguel de espaços nos pontos mais luxuosos de São Paulo.
Ainda assim, o mercado do luxo prevê um crescimento entre 10% e 15% em 2014, considerando produtos importados e nacionais.
Segundo dados da ABVTEX (Associação Brasileira do Comércio do Varejo Têxtil), os impostos que incidem sobre as roupas importadas representam mais de 50% do valor da mercadoria.
Os impostos sobre importação, no entanto, são de 35%, aos quais é preciso somar outros impostos obrigatórios, o que faz com que roupas de grifes estrangeiras sejam vendidas no Brasil a um preço 120% maior que nas lojas dos EUA e Europa.
Os brasileiros acabam preferindo comprar as peças durante viagens ao exterior.
Dados da ABVTEX indicam que as importações do comércio no varejo de roupa no Brasil somam R$ 1,7 trilhões ao ano, enquanto os gastos com roupas em viagens ao exterior dos brasileiros somam R$ 4 bilhões –ou entre 30% e 40% da despesa dos turistas.
Por enquanto, a Ralph Lauren, concorrente direta da Gant, não parece pensar em voltar ao país, após fechar todas as suas lojas no Brasil em 2002.
Além dela, a Tommy Hilfiger, que tem o mesmo público, fechou em 2013 sua loja-conceito em São Paulo, embora mantenha outras abertas na cidade e em outras capitais, como no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Brasília.
Fontes do setor acreditam que a situação não vá mudar no curto prazo devido às complexidades logísticas do mercado e às medidas protecionistas do governo, em um cenário cambial desfavorável para o real.
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