A Xiaomi, fabricante chinesa de smartphones, anunciou que vai inaugurar mais cinco lojas físicas ao redor do país: uma terceira unidade em São Paulo, duas unidades no Rio de Janeiro, uma no Paraná e uma na Bahia. Também terá uma store in store (loja dentro de outra loja).
Realizado em coletiva online no dia 17/08, o anúncio dá início ao plano de expansão da empresa dois anos após sua chegada oficial por aqui. Hoje, o país conta com duas lojas físicas, que foram abertas em 2019. Ambas estão em São Paulo: uma no Shopping Ibirapuera, outra no Shopping Center Norte.
O investimento por loja não foi revelado, mas a promessa é ganhar mais espaço no mercado de smartphones e continuar crescendo. Desde 2019, a empresa já lançou mais de 500 produtos, sendo 33 smartphones. O restante é feito de itens do chamado Ecossistema Xiaomi, ou seja, dispositivos inteligentes de diversas categorias, como balanças, patinetes elétricos, escovas de dentes elétricas e pulseiras MiBand.
“Hoje somos a empresa que mais homologa produtos na Anatel no Brasil, e já temos mais de 7 mil pontos de vendas no varejo. Queremos ampliar ainda mais a presença física em outras localidades, indo além de São Paulo”, afirma Luciano Barbosa, diretor da Xiaomi no Brasil.
Segundo Barbosa, atualmente as vendas da empresa ficam divididas. 50% são smartphones, e 50% são itens do ecossistema. “As lojas físicas são o principal canal para atrair o público a conhecer nossos produtos que não são smartphones, ou seja, entenderem como o ecossistema pode facilitar o dia a dia”, explica.
A empresa quer focar nos ambientes físicos: houve, inclusive, uma redução de oferta de alguns produtos no e-commerce para atender a demanda dos varejistas parceiros ao redor do país.
“Tiramos o pé do acelerador no e-commerce para dar conta dos players de varejo: recentemente foram 250 lojas novas a fornecer nossos produtos, e tivemos que redirecionar nossa oferta. Escolhemos fazer isso”, diz Barbosa.
Efeito pandemia
Essa priorização acontece porque a empresa vem sofrendo para manter o ritmo de produção – assim como outras concorrentes do setor, empresas de tecnologia e montadoras. Faltam peças, como semicondutores, nos fornecedores em todo o mundo, o que prejudica a agilidade de produção e distribuição da Xiaomi.
Segundo Barbosa, a empresa conseguiu mapear muito bem a situação desde que o problema deu sinais de que iria acontecer, ainda em agosto do ano passado.
“Conseguimos evitar alguns atrasos de produção, mas estamos ofertando nossos produtos de forma inteligente, de acordo com a oferta que conseguimos produzir. Então, tivemos que redirecionar alguns itens para atender nossos parceiros”, disse o executivo.
Há uma expectativa de que a normalização das peças demore para acontecer, mas a empresa não pretende reduzir lançamentos. “Tivemos alguns ajustes, mas queremos manter nosso ritmo agressivo de lançamentos para este ano”, afirmou Barbosa. A empresa já fez disponibilizou 50 itens novos neste ano.
Concorrência
A Xiaomi se tornou a segunda maior fabricante de smartphones do mundo no segundo trimestre de 2021, desbancando a Apple pela primeira vez.
De acordo com levantamento da consultoria especializada em tecnologia Canalys Research, a Xiaomi teve participação de 17% no mercado global de smartphones no período. O resultado superou os 14% registrados pela Apple, ficando atrás apenas da coreana Samsung, com 19%.
Ainda, a LG anunciou sua saída do negócio de smartphones até 31 de julho – como já se especulava há algum tempo, para concentrar esforços em negócios de crescimento mais rápido. Embora o estoque atual de aparelhos possa ainda estar disponível para venda hoje, a saída da LG abre mais um espaço para a Xiaomi abocanhar mercado no país.
“Com a saída da LG, fomos procurados por mais varejistas. Há lacunas deixadas, e estamos trabalhando com fornecimento de produtos para os parceiros que já tínhamos e novos também. Mas estamos avaliando com calma, para saber quais praças vamos buscar”, diz o diretor brasileiro.
Outro desafio que a Xiaomi pode vir a enfrentar é manter o preço de seus produtos, geralmente abaixo das principais concorrentes. Com a alta do dólar e a falta de peças, pode ficar difícil manter um patamar tão atrativo, principalmente nos modelos top de linha. O último lançamento, o Mi 11, chega ao público por R$ 8 mil – ligeiramente mais barato do que o iPhone 12 e o Samsung Galaxy S21 Ultra.