Depois de ter retomado a posição de principal acionista da Via Varejo, o empresário Michael Klein tem em mente recuperar “a imagem e o histórico” das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, fazendo com que elas cresçam em participação de mercado e “voltem às origens”, mas incorporando novas estratégias digitais.
Em café da manhã com jornalistas ocorrido no dia, 25, de setembro, Klein, que é presidente do conselho de administração da Via Varejo, afirmou que pretende retomar o crediário, escanteado pela antiga gestão da companhia, só que “de forma digital” (será tudo no celular).
Segundo ele, o grande trunfo da companhia nessa empreitada é o histórico. “Temos 30 milhões de CPFs cadastrados de pessoas que já compraram no carnê. Muitos deles não são bancarizados”, afirmou.
Membros da nova diretoria da varejista viajaram nesta semana para a China para conhecer soluções de meios de pagamento e pensar em maneiras de, eventualmente, “tropicalizá-las”.
A ideia é que, no primeiro trimestre de 2020, a Via Varejo já esteja com a casa “em ordem”, com as reformas necessárias já executadas e com sistemas bem integrados, disse Klein.
Questionado sobre como pretende capturar o novo cliente digital, que talvez não tenha as marcas da Via Varejo como referência na hora da compra, Klein afirmou que a aposta estará nas propagandas via redes sociais.
Sobre a Amazon, que recentemente lançou o serviço Amazon Prime no Brasil, ele afirmou que “não duvida da capacidade” da gigante, mas disse que esperará para ver como a empresa se sairá num país tão grande quanto o Brasil sem ter capilaridade. “A Amazon é muito forte em marketplace (shopping virtual no qual estão vários lojistas), é diferente das outras redes que têm frota própria e centros de distribuição. Até eles montarem tudo, vai demandar um tempo muito grande.”
Na Via Varejo, a estratégia para marketplace será disponibilizar produtos complementares aos já vendidos pelas marcas da companhia.
Plano de abrir de novas lojas
Em relação à expansão física, a Via Varejo vai continuar com o plano de abertura de lojas, ao mesmo tempo em que fará uma avaliação de unidades não rentáveis, com desempenhado abaixo do potencial, para eventualmente fechá-las. Em um primeiro levantamento, apenas 36 das 1.060 lojas da companhia mostraram prejuízo. “Todas as outras são lucrativas”, afirmou Klein.
Ainda segundo ele, o processo de avaliação das lojas que dão prejuízo será mais “demorado” e poderá se estender por um ano. Sobre a abertura de lojas, ainda não há uma meta.
Em relação à marca Ponto Frio, Klein negou que haja planos de extingui-la. Ele reiterou que a bandeira é muito forte no Rio de Janeiro, onde nasceu. “Vai ser preservada. Vamos analisar, mas não tem porque se desfazer de uma marca que está vendendo.”
Em entrevista publicada pelo Estado no último domingo, 22, o presidente da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer, disse que estava em estudo a manutenção da marca no grupo. “Ainda não tenho a resposta, mas vamos decidir até o fim do ano.”
Sobre o Extra.com, o empresário contou que a operação poderá ser vendida para o GPA. “Ainda estamos avaliando quanto vale”, disse. O domínio online Extra.com ficou com a Via Varejo após a companhia ter incorporado a CNova, que também reunia as operações online das marcas Casas Bahia e Ponto Frio.
O BanQi, que oferecerá o crediário da Via Varejo, operará como financiadora até atingir uma carteira de R$ 500 milhões, quando terá que pedir registro no Banco Central. Segundo Michael Klein, para que isso aconteça, deve levar cerca de seis meses. Hoje, a carteira de crediário da companhia fica em torno de R$ 2 bilhões, que serão “migrados” para o BanQi.