O comando da Via Varejo afirmou ontem que a reabertura de lojas físicas, após a flexibilização do isolamento social, não afetou as vendas on-line. O Valor apurou que a rede de eletroeletrônicos planeja abrir de 60 a 80 lojas ao ano, com foco em regiões que possam dar um impulso maior no canal digital.

A empresa informou que até dezembro quer aumentar o número de minicentros de distribuição em suas 1,1 mil lojas – dos atuais 380 para 500 – para tentar agilizar as entregas. A rival Magazine Luiza tem isso em suas 1,2 mil lojas. A logística eficiente, ancorada em sistemas de tecnologia automatizados, que melhorem o serviço ao cliente, é meta central das redes.

“Antes, nós precisávamos voltar a fazer varejo, e isso já fazemos, agora precisamos ir além do varejo”, disse ontem Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo, durante teleconferência com analistas sobre resultados de abril a junho. A referência ao passado é porque o controle da empresa foi vendido em junho de 2019 pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA) a Michael Klein e um “pool” de fundos.

A receita líquida da Via Varejo caiu 12,4%, para R$ 5,3 bilhões, no segundo trimestre, em relação a igual período de 2019, refletindo a queda da demanda durante a pandemia. Mas há melhora na relação entre receita e despesas, sinal de que reduções de custos na crise deram resultado.

O aumento das vendas brutas totais, do estoque próprio e de lojistas de seu site, superou as projeções de analistas. Essa linha cresceu 280%, para R$ 5,1 bilhões. Mas se incluir no número a venda em loja, afetada em abril e maio, a alta das vendas brutas perde muita força e fica em 0,5%. Os números da rival B2W saem hoje e do Magazine Luiza, na segunda-feira.

No segundo trimestre, 66% da receita da Via Varejo veio do on-line. Um ano antes, eram 15%.

Analistas viram progresso no processo de digitalização da Via Varejo, com vendas “surpreendentes” no online, diz o Credit Suisse, mas lembram do efeito da base de comparação mais fraca. A Via Varejo passou a implementar seu plano de crescimento na segunda metade de 2019. Também destacaram ganhos de margem bruta acima do projetado (subiu 3,4 pontos, para 30,7%), reflexo da melhor gestão de preços e estoque. Mas chamaram atenção para a alta da inadimplência e o efeito não recorrente no lucro.

O lucro líquido atingiu R$ 65 milhões – um ano antes houve perda de R$ 162 milhões. Mas no cálculo deste ano, estão incluídos R$ 241 milhões como valor não recorrente (créditos fiscais). Sem isso, a rede teria registrado prejuízo de R$ 176 milhões. Essa perda, sem incluir os créditos, porém, diminuiu – foi de R$ 296 milhões no segundo trimestre de 2019. Houve ainda uma “atualização monetária” de R$ 123 milhões no resultado financeiro líquido.

Em relatório, Pedro Fagundes, da XP Investimentos, mencionou como fator de atenção o saldo devedor no crediário (acima de 90 dias) em 13,5% da carteira (era de 6,8% no começo do ano). Não houve, no trimestre, um aumento da provisão para atraso em carnês – caiu 2% sobre janeiro a março. A empresa afirma que não vê aumento nos riscos de atrasos e viu maior número de clientes buscando pagar carnês da empresa nas lojas.

 

Fonte: Newtrade
Via Varejo terá mais centros de distribuição em lojas
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