Censo da Abrasce divulgado nesta terça-feira apontou ainda para movimento de interiorização dos empreendimentos e diversificação da utilização dos espaços de compras
A retomada da confiança dos consumidores, aliada à expansão dos empreendimentos e à gradual recuperação econômica do País deram um novo fôlego aos shoppings centers em 2018 e com isso registram crescimento de vendas de 6,5%, acima do percentual projetado no início do ano, que era de 5,5% a 6%, fechando com um faturamento de R$ 178,7 milhões. Os dados foram divulgados pela Abrasce nesta terça-feira (29) e fazem parte do censo 2018 realizado pela Associação de Brasileira de Shoppings Centers sobre o setor.
O levantamento aponta para um movimento de interiorização de novos empreendimentos. Em 2018, foram 14 novos shoppings no País, sendo 67% deles no interior. Ao todo o Brasil possui 563 shoppings centers em operação em 222 cidades, sendo 41% deles em cidades com menos de 500 mil habitantes. “Dessas 222 cidades, 32 receberam o primeiro shopping em 2018. Isso mostra o potencial de crescimento do setor”, explicou Glauco Humai, presidente da Abrasce, durante coletiva de imprensa para a divulgação do censo. O número total de lojas também cresceu 2,6% em 2018, assim como os postos de trabalho que avançaram 5,4% no mesmo período.
A expectativa para 2019 é de faturamento 7% maior e previsão de 15 novos empreendimentos, em ano que, de acordo com Glauco, deve ser marcado por fusões e aquisições no setor para o novo ciclo de crescimento que deve começar e uma tendência maior à expansão de empreendimentos já existentes do que de novos. “Estamos vivendo o período de maior otimismo desde 2014. Este ano o varejo vai performar melhor e os shoppings mais ainda”. Hoje, os shoppings representam cerca de 20% da movimentação do varejo, enquanto nos Estados Unidos esse percentual é de aproximadamente 55%, chegando a 70% no Japão. “Existe espaço para novos investimentos, seja em expansão ou aberturas, mas vamos ter isso mais claro ao longo do ano”, avalia Glauco.
A evolução e potencial das áreas brutas locáveis (ABL) e de ocupação também colaboram com o otimismo no setor. A vacância, que foi de 6% em 2017, foi próxima a 5% em 2018 e deve fechar 2019 em 4%, prevê a Associação, percentual mais próximo aos 3% registrados em 2012, período de atividade econômica aquecida no Brasil. A ABL em 2018 foi 4,8% maior, ficando com índice médio de 6,3. “No último trimestre vimos uma aceleração de assinatura de contratos, além de expansão de franquias e a volta do investimento das grandes redes”.
Futuro
Glauco destaca que o momento vivido pelo varejo tem levado as administradoras a buscar alternativas de utilização do espaço para atrair consumidores. “Tanto os shoppings como os lojistas já entenderam que o mundo mudou. É um momento novo que estamos ainda entendendo a dinâmica e tateando nas iniciativas para ver o que melhor funciona”.
O executivo se refere a ampliação de serviços ofertados pelos espaços de compra, que passou de 8% para 12% nos últimos quatro anos e que deve seguir crescendo. De acordo com Glauco, essa tendência é mais forte para as grandes cidades. Por conta dessa nova demanda, observa, é interessante ter uma taxa mínima de vacância, chamada área de vacância saudável, para abrigar, também, as pop up stores ou quiosques, duas fortes tendências do varejo. Negociações com canais online para retirada no shopping e abertura de marketplaces dos próprios shoppings são outras iniciativas de algumas administradoras para aumentar as vendas do varejo, “que é o objetivo de todo shopping”, destaca.
Glauco apontou ainda para um novo movimento de alguns varejistas, para que o espaço locado seja um pequeno centro de distribuição, aproveitando um dos principais ativos de muitos empreendimentos que é a localização, e exemplificou com a solução da BR Malls, que começou no Rio de Janeiro e agora se expande para outros centros, que foi a parceira com o Delivery Center, em que o consumidor compra pela plataforma online que reúne os e-commerces das lojas físicas, e recebe o produto em até algumas horas. “O clichê de que a crise é oportunidade para crescer se aplica de verdade nesse cenário. Mudou a dinâmica de consumo e lojistas e shoppings perceberam que a integração on e off deve ser um jogo de ganha-ganha. E viram que é importante o investimento em serviços”.
‘Uberização’
Segundo Galuco, o aumento do uso de aplicativos de transportes, especialmente nas grandes cidades, já é sentido de leve pelos estacionamentos dos centros. Isso fez com que muitos shoppings ampliassem área de embarque e desembarque, incluindo negociações e alinhamento com as prefeituras. Outra adequação registrada foi o aumento na oferta de vagas para bicicleta, sinalizadores de vagas de estacionamento vazias e estação para abastecimento de veículos elétricos.
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Glauco Humai adiantou ainda que a Abrasce lançará em breve uma taxa de inflação exclusiva dos shoppings centers, com monitoramento mensal.