Depois de várias tentativas de crescer no Brasil, a rede de frango frito KFC pretende finalmente se tornar relevante no cenário brasileiro de fast-food. Desde junho sob gestão da Sforza, holding de investimentos da família do empresário Carlos Wizard Martins, a americana pretende botar o pé no acelerador nos próximos anos. Até o fim do ano, serão quase 30 novas lojas – para um total de 75. A partir de 2019, a ordem é inaugurar pelo menos 50 unidades por ano. Para 2027, a meta é que sejam 500 restaurantes espalhados pelo Brasil.
A KFC faz parte do portfólio da americana Yum!, também dona da Pizza Hut – as duas marcas agora têm a empresa do fundador da rede de escolas Wizard como franqueado master por aqui. No caso da KFC, a Sforza terá a missão de sacudir de vez a poeira dos fracassos da rede no Brasil. A companhia naufragou por aqui nos anos 1970 e 1990. A atual “encarnação” começou em 2011, mas a média de inaugurações ficou abaixo de dez unidades por ano. É esse ritmo que a Sforza quer mudar, num momento em que a rival Popeye’s também está chegando ao País (leia box ao lado).
Responsável pela expansão da KFC, o executivo Ildefonso de Castro Deus, afirma que a rede encontrou seu modelo de crescimento no Brasil. A principal aposta são lojas compactas, de até 60 metros quadrados, em shopping centers. Por enquanto, a expansão vai aproveitar espaços ociosos em shopping centers, mas, para dar conta da meta de 500 lojas em dez anos, a KFC deverá ter também restaurantes de rua, de 200 m2. Os primeiros já devem ser abertos no ano que vem.
O executivo afirma que o custo da operação do KFC gira em torno de R$ 2 milhões por unidade – o valor já inclui um curso obrigatório de 90 dias sobre a operação e o valor do ponto do shopping. Na “peneira” que está fazendo para selecionar interessados no projeto, a holding de Wizard Martins busca investidores com pelo menos R$ 10 milhões para aplicar.
Por enquanto ainda concentrada em São Paulo, a KFC diz que vai chegar a capitais como Porto Alegre ainda este ano. “A ideia é chegar com uma presença relevante, com três ou quatro lojas de uma vez só”, explica Castro Deus. Um argumento que o executivo pretende usar para convencer investidores a ter pressa em abrir a carteiras é o fato de que, por enquanto, estão disponíveis oportunidades em grandes capitais. Em alguns anos, lembra ele, a expansão se dará em mercados de retorno menos certeiro.
Desafios. Para o consultor Sérgio Molinari, da Food Consulting, a chegada do ex-dono da Wizard à KFC pode ser o empurrão que faltava à rede de frango frito: “O empresário tem uma visão mais agressiva, sendo mais aguerrido até do que a própria Yum!”, diz. Ele pondera, porém, que a KFC não fará o movimento de expansão sozinha, já que o Burger King está trazendo a rival Popeye’s ao Brasil.
Outro desafio para a KFC é a concorrência de lanchonetes e bares que servem frango frito ou a passarinho. “É um mercado de rua, menos qualificado, mas que consegue oferecer um produto que, pelo menos na aparência, é semelhante ao de uma grande rede”, diz. O consultor lembra, no entanto, que o frango é uma proteína de custo mais baixo. Assim, se uma rede do tipo KFC “pegar” por aqui, tende a ser um negócio mais rentável do que as baseadas em carne bovina, por exemplo.