Chega-se ao início de um novo ano e somos abarrotados de novas tendências de consumo. Mesmo falando de tendências, ou seja, algo que vem lentamente caminhando para uma direção, há sempre novos termos, novas fórmulas, tecnologias ou novidades em geral colocadas no nosso caminho, nos forçando a repensar todo o negócio.
“Tendências são como a moda: Você pode adotar o que todo mundo está falando ou utilizando, mas no final, o que mais importa é buscar algo que sirva ou melhor se adapte exclusivamente para você e seu estilo, no caso, seu negócio.”
Mesmo que nos próximos anos o futuro seja algo difícil de se desenhar ou de se pensar hoje, uma ruptura de tudo e de todos os padrões que hoje conhecemos, eu acredito que por mais que os hábitos de consumo sejam alterados, seja pelo avanço de novas tecnologias, que abrem novas possibilidade de contato e comunicação, seja por questões sociais, como novos comportamentos, novos mercados, na grande massa do varejo, principalmente os que atuam localmente, não acredito em uma mudança de impacto tão brusca.
Sim, daqui a 10, 15 anos ou que sabe mais, ainda vão existir mercearias, padarias, açougues e uma porção de outras “lojinhas”, muitas delas ainda da mesma maneira tal qual encontrada hoje.
Em minha opinião, a única coisa que não tem abalado os bons comerciantes desde os tempos do “guaraná com rolha”, como diria minha saudosa vovó, ainda é a EXPERIÊNCIA DE COMPRA.
Eu acredito que esse é um dos mais importantes focos que o varejista tem que ter, e acredito que só vai “sobreviver”, desde os tempos que vivemos hoje por conta da crise, ou até mesmo por conta dos próximos avanços ou evoluções de negócios que ainda irão surgir.
“Mesmo em modelos que que hoje empregam uma disruptura total de processos, o que está em jogo é a tecnologia ou a experiência de compra?”
Quando falamos no Uber, por exemplo, o que fez a fama do aplicativo foi chamar um taxi pelo celular, ou o serviço prestado, como o carro, o ar-condicionado, o uniforme, a “aguinha gelada” ou as balinhas servidas? Se fosse pela tecnologia, outras empresas ligadas aos taxis tradicionais já não o estavam fazendo? Eu não vejo uma crítica a favor do Uber que não seja relacionada ao serviço diferenciado.
Quando pensamos em Netflix, chama-se a atenção toda a tecnologia envolvida, ou a experiência de se assistir o que você quer no horário que melhor se adapte a seu tempo disponível?
A gente fala de tecnologia como uma grande evolução de processos, mas ADORAMOS ir para cidades menores ou turísticas, tanto aqui no Brasil como fora, e poder viver a experiência de outros tempos, de outras culturas. Aceitar um cartão de crédito ou quem sabe o pagamento de um produto ou serviço via celular pode ser uma boa, mas não “alterar o todo, a essência do negócio e da experiência”. O problema da tecnologia é que ela homogeneíza a maioria das experiências de comprar. Eu por exemplo, já me enchi de ver lojas conceitos com o mesmo padrão da Apple, que ao meu ver, já precisa de outra linguagem. Já está ficando velha para o público novo.
Esse é outro problema quando se persegue a tendência e que tem total relação com a moda. É sempre mais caro estar antenado. Vale a pergunta: Vale a pena a vanguarda? Se as contas fecham no final do mês, com certeza. Mas prefiro o caminho da autenticidade.
Onde deve estar seu foco? Na experiência de compra, baseando não somente naquilo que você vende, mas em todo tipo de serviço que seja tangível ao processo de compra de seu cliente.
Há hoje uma série de novos caminhos, desde uma fusão (ou convergência, outro termo famoso), dos canais digitais e físicos, onde os dispositivos mobiles (leia-se aí os smartphones, brevemente só phones já que todo mundo vai ser smart) são o principal elo entre a marca e o consumidor, passando por revoluções que novas tecnologias como a realidade virtual ou a impressão 3D ainda vão impactar no varejo.
Mas impacta para todo mundo?
Com certeza não. Vão sempre existir os “opinion leaders” (líderes de opinião) no mercado, termo empregado há anos nos estudos de marketing, que sempre vão buscar o novo, o “disruptivo”, e que hoje esse papel está sendo concedido aosmillennials, mas que já foi papel de outras gerações, como a X e Y (poxa, e a Z?)
Mesmo assim, esse público ainda representa apenas um “retrato” no gigantesco álbum de consumidores (ok, ainda sou do tempo de revelar fotos) que temos por aí, principalmente em um país como o Brasil, onde cada estado ou por vezes regiões menores ainda têm características ímpares de comportamento e compra.
Você já escutou essa: Sua empresa tem que estar adaptada ao seu público consumidor, e essa é a lição mais simples dos novos tempos. Não dá mais para empurrar o que se quer, mas se de uma maneira podemos oferecer o que o seu público quer, também podemos observar e buscar ser autênticos, criando novos modelos, novos produtos e serviços, SEMPRE pensando na experiência de compra.
Não é fácil acompanhar o mercado, também não é fácil decidir se o novo ainda será útil daqui a 2, 3 anos. Pense com calma, espere as coisas amadurecerem, mas não seja o último a entrar no barco!
Fonte: Falando de Varejo
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