A Dobra aposta em crescimento orgânico e no poder do atendimento. Além das carteiras sustentáveis, a empresa vende uma experiência ao consumidor

Imagine ter uma carteira com a espessura do papel, mas que não rasga e é resistente à água. E uma mesma camiseta com várias caras diferentes, já pensou? É o que faz a Dobra, uma empresa do interior do Rio Grande do Sul que aposta todas as suas fichas na experiência, tanto dos consumidores quanto dos funcionários.

O e-commerce trabalha, por enquanto, com dois produtos. O principal são as carteiras sustentáveis e seus três modelos, que podem até carregar passaportes. Ela é feita à mão, desde a impressão da estampa até a embalagem e envio. A empresa também oferece camisetas com bolsos trocáveis. A ideia é ter vários bolsos feitos com o material especial e poder trocá-los de acordo com o seu humor.

Poder da experiência

A Dobra tem a filosofia de vender não só produtos, mas uma experiência. A empresa acompanha de perto todos os pontos de contato que o cliente tem com a loja virtual. As redes sociais já mostram uma marca diferente das tradicionais. Em tom de brincadeira, as postagens e o site da loja mostram o CEO Batman, um cachorro da raça pug.


A carteira é entregue com um perfume na embalagem, junto com um recado escrito à mão desejando boas-vindas à comunidade. Depois de um tempo, quem comprou a carteira pode devolvê-la para a empresa, para que ela seja reciclada e o cliente ganhe um desconto na compra do próximo produto. Geralmente, as devoluções das carteiras sustentáveis retribuem o carinho do recado que o cliente recebeu junto com o item.

Apesar do sucesso de seus produtos, os sócios da Dobra não consideram a empresa uma vendedora de itens, mas, principalmente, uma organização voltada às pessoas. “A gente percebe que as pessoas estão carentes porque se acostumaram a serem mal atendidas, e quando alguém os trata bem, acabam se surpreendendo. Os produtos são a ferramenta que a gente usa para fazer isso tudo”, explica Guilherme Massena, um dos sócios-fundadores da Dobra.

A aposta na experiência, na sustentabilidade e na motivação dos funcionários tem dado certo para a Dobra. A empresa faturou R$ 2,4 milhões em 2017, com 47 mil carteiras vendidas. Com a expansão do portfólio, a expectativa é que a receita de 2018 chegue a R$ 3,5 milhões, um crescimento de 45%.

Sustentabilidade

Mesmo diante de consumidores imediatistas, acostumados com um e-commerce cada vez mais ágil, a Dobra faz prevalecer sua postura sustentável e voltada à experiência e ainda se preocupa em convencer as pessoas da eficiência disso. Uma camiseta da marca, por exemplo, demora dez dias úteis para ser produzida, e o cliente ainda deve esperar o prazo do frete.

O prazo para entrega acima da média do mercado tem um motivo, a empresa não tem estoque, tudo é produzido sob demanda. As carteiras que os clientes querem trocar são recicladas e até a embalagem entra no conceito, ela vira um cofrinho para evitar que as pessoas as descartem e produzam lixo.

“É claro que tem algumas pessoas que não entendem a demora, estão acostumadas com o padrão de ter tudo estocado. Mas a grande maioria entende o conceito, sabe o que está comprando e gosta. As pessoas sabem que aquilo está sendo produzido especialmente para ela e que a gente não está gerando um monte de resíduo por estar produzindo em grande escala”, afirma Eduardo Hommerding, que também é sócio e um dos fundadores.

Salários iguais

A política de remuneração da Dobra chama a atenção. Todos os 19 funcionários ganham o mesmo salário, não importa quando entrou. Os três sócios e todos os colaboradores, independentemente do cargo, ainda repartem uma porcentagem dos lucros das vendas no fim do mês.

Guilherme Massena explica porque adotar a estratégia: “a gente vê muitas empresas querendo implantar métodos de gestão que façam as pessoas se sentirem donas, mas na prática fica um distanciamento gigante de salário entre o dono da empresa e os funcionários que entraram recentemente ou que estão na produção. A gente acha que para a pessoa se sentir dona mesmo ela tem que saber que está ganhando a mesma coisa que todo mundo e que está participando do lucro como os donos”, conclui o executivo.

 

Escrito Por: Leonardo Guimarães  
Fonte: Novarejo
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