Aumento de capital representa uma diluição muito grande para a companhia combinada, alerta BTG Pactual
O M&A de R$ 2,5 bi que unirá os laboratórios Fleury e Hermes Pardini, criando um gigante de R$ 6,1 bilhões em vendas, está repercutindo bem entre os investidores. Anunciado na manhã de hoje, o negócio fez as ações das duas companhias dispararem. FLRY3 subia mais de 14% às 10h45 e PARD3 superava os 20% de valorização.
Na prática, o Fleury está comprando o Hermes Pardini por meio de uma oferta em dinheiro em ações. Para incorporar a rede de laboratórios mineira, o Fleury vai distribuir R$ 1,21 ação do Fleury para cada ação de PARD3 e pagar R$ 273 milhões em cash (R$ 2,15 por ação). O valuation do Hermes Pardini na transação representa um prêmio de 20% sobre a cotação de ontem, segundo o BTG Pactual.
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Os analistas enxergam méritos estratégicos na transação. As duas companhias se complementam geograficamente, notou o analista Samuel Alves, do BTG Pactual. Enquanto o Fleury está concentrado em São Paulo e Rio de Janeiro, o Hermes Pardini é mais forte em Minas Gerais e Goiás. Pelos cálculos das duas companhias, a união deve gerar boas sinergias, agregando de R$ 160 milhões a R$ 190 milhões em Ebitda por ano, o que significa 10% da Ebitda combinado das empresas.
A complementariedade, no entanto, talvez não compense a diluição potencial que a estrutura da transação também embute. Não à toa, o analista do BTG reagiram com “mixed feelings” ao deal. A grande questão é o possível aumento de capital do Fleury, que poderá emitir até 70,6 milhões de ações (quase R$ 1 bilhão, considerando o fechamento de ontem).
“O possível aumento de capital representa uma diluição muito alta”, continuou o analista do BTG. Nas contas de Alves, o follow-on do Fleury representaria mais de 15% das ações das companhias combinadas. Para o Fleury, um aumento de capital ajudaria a preservar a alavancagem e o ritmo de crescimento.
Juntas, as companhias terão presença em quase todo o país, com unidades no Nordeste, Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em números combinados, a receita líquida soma R$ 6,1 bilhões e o Ebitda chega a R$ 1,6 bilhão. Com 487 unidades de atendimento, 39 marcas e mais de 4,3 mil prestadores de serviços médicos.
O Fleury foi assessorado pelo Citi e pelo escritório BMA Advogados. Madrona Advogados assessorou o o Hermes Pardini. Os contrtoladores do laboratório mineiro contaram com assessoria dos escritórios Ochman Advogados e Tavernard Advogados.