A Black Frinday movimentou o varejo e os consumidores brasileiros na semana passada, mas teve um resultado um pouco abaixo do esperado inicialmente. Segundo levantamento da empresa de monitoramento Ebit feito entre quinta e sexta-feira, as vendas chegaram a R$ 2,1 bilhões no comércio eletrônico, alta de 10,3% entre o mesmo período do ano passado. O número de pedidos cresceu 14%, para 3,76 milhões, enquanto o tíquete médio caiu 3,1% para R$ 562, na comparação entre os períodos. Á exceção do número de pedidos, os valores ficaram abaixo do previsto inicialmente pela Ebit: vendas de R$ 2,18 bilhões, com tíquete médio de R$ 695.
Já no varejo físico, o crescimento das vendas foi menor que o registrado entre 2015 e 2016. Segundo a Serasa Experian, o avanço foi de 4,9% em todo o país entre o dia 24 e o dia 26, contra 11% um ano antes. Na análise de um período mais amplo, de 20 a 26 de novembro (a chamada Black Week), as vendas caíram 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com Pedro Guasti, presidente da Ebit, a redução no gasto médio está relacionada a dois fatores: a queda da inflação nos preços de produtos vendidos pela internet e os descontos mais altos concedidos em alguns produtos, principalmente celulares. “Ano passado o crescimento das vendas aconteceu muito por conta do tíquete médio, que foi influenciado pela inflação. Em 2017, o avanço veio do maior volume de vendas, o que positivo”, disse o executivo.
Guasti destacou como positivo o baixo número de reclamações registradas em comparação com o volume de pedidos. “As empresas que não agiram bem outros anos perceberam que o consumidor não aceita isso e que há fiscalização pesada dos órgãos de defesa”, disse.
Outro aspecto detectado pela Ebit foi o crescimento das compras realizadas por celular. A fatia de pedidos feito por meio desses dispositivos aumentou 81,8% na comparação com o ano passado, representando quase 30% de todos os pedidos feitos no período. Em valores, a representatividade foi de 26,5%, alta de 14,5% ante 2016. “O valor médio das compras via dispositivos móveis foi de R$ 515, reflexo da maior participação de categorias de menor tíquete, como moda e acessórios e perfumaria e cosméticos”, disse.
Tradicionalmente concentrado em eletrônicos, a Black Friday de 2017 ficou marcada pela diversificação. ASmiles, empresa de fidelidade controlada pela Gol, bateu recorde de vendas um único dia na Black Friday deste ano, ao registrar o resgate de 57 mil passagens na sexta-feira. Somando os negócios fechados no sábado e domingo, a companhia vendeu o fim de semana 100 mil passagens aéreas, mais que o dobro da média de um fim de semana regular. “Novembro virou um mês de 33 dias para a Smiles. O Black Friday chegou para ficar”, disse o presidente da companhia, Leonel Andrade.
Na GBarbosa, redes de supermercados que pertence à chilena Cencosud, houve um aumento de 60% na venda de bebidas na comparação anual. Os eletroeletrônicos tiveram avanço de 40%.
Na Ricardo Eletro, controlada pela Máquina de vendas, o crescimento nas vendas foi de 17% nas vendas da Black Friday, chegando a R$ 199 milhões. A expectativa inicial era 20% com R$ 204 milhões. Apesar de não ter atingido o objetivo, o resultado foi considerado positivo. “Foi um evento muito bom, com promoções concentradas em três dias”, afirmou Ricardo Nunes, presidente da Ricardo Eletro.
Em comunicado, a B2W Digital, dona de Americanas.com, Submarino e Shoptime, informou que as vendas no seu marketplace foram 20 vezes maiores em comparação com um dia “forte” de vendas e que o tráfego em seus sites ficou em torno de 30 milhões de clientes. Já a Lojas Americanas informou que a ‘Red Friday’, sua versão da Black Friday, “foi um sucesso” e que o movimento nas lojas “foi intenso”, mas não informou o desempenho de vendas.
Sem falar em números, a Magazine Luiza disse ter registrado o melhor Black Friday de sua história, com bom desempenho em todas as categorias e destaque para as categorias de supermercado e televisores de tela grande.
Escrito Por: Gustavo Brigatto, Cibelle Bouças, Alexandre Melo e João José Oliveira
Fonte: Valor Econômico