Com o primeiro turno das eleições para presidente da República se aproximando, os candidatos ao cargo apresentam suas propostas para recolocar o Brasil nos trilhos, além de ideias para a modernização do ambiente de negócios e empreendimentos no país. E para ampliar o ambiente de debates, a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), organizou o Diálogo Eleitor, um painel que contou com a presença dos candidatos Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), representando o ex-presidente Lula.
Foram convidados os seis candidatos melhor posicionados nas pesquisas de opinião, além de dois outros a critério da organização do evento, entre eles: Jair Bolsonaro, João Amoêdo e Marina Silva, os três recusaram o convite. O Diálogo Eleitor aconteceu no dia, 14, em Brasília, no auditório Santa Cruz do Centro de Eventos Brasil 21.
O presidente da Unecs, Paulo Solmucci fez a abertura do evento. Solmucci ressaltou que o diálogo se deu entre candidatos e a sociedade, “e não entre candidatos e pessoas jurídicas”. O presidente da Unecs observou ainda que as eleições ocorrem em um ambiente de confusa estrutura político-partidária. “Eis aí o desafio da reforma política. Aliás, desafios não nos faltam. Reforma da previdência, simplificação tributária, combate ao contrabando, competitividade no sistema financeiro, saneamento básico, modernização das estruturas de saúde e educação. O leque é extenso”, observou Paulo Solmucci.
Confira as principais propostas dos candidatos participantes:
Geraldo Alckmin (PSDB)
O candidato iniciou manifestando sua intenção em zerar o déficit primário nos dois primeiros anos de governo. Conforme destacou, o país passa pelo sexto ano seguido de déficit, “ou seja, a União não paga dívidas e também não investe”, afirmou. Segundo ele, dentre as primeiras medidas a serem adotadas em seu governo está o início de uma agenda de competitividade, com ênfase nas reformas, tributária, previdenciária e política. “O Brasil é um país que ficou caro. Perdeu competitividade, perdeu investimento e caiu em participação no mercado exterior. Com as reformas, atrairemos os investimentos necessários.” Ele acrescentou ainda que tem a intenção de reduzir o imposto de renda da pessoa física.
Fernando Haddad (PT)
Candidato à vice e representando o ex-presidente Lula, Fernando Haddad, falou sobre a desburocratização do ambiente de negócios e a importância do crédito para empreendedores. Haddad deu o exemplo do programa posto em prática na cidade de São Paulo, durante sua gestão, que reduziu tempo médio para a abertura de empresas de 120 para sete dias. “Isso vai fazer que o Brasil suba 35 posições no ranking internacional de negócios. Mas se não fizer a reforma tributária, isso não atende o empreendedor”, observou. O candidato ainda destacou que as primeiras medidas de seu governo envolverão a reforma do sistema bancário. “Teremos que mudar a legislação tributária dos bancos. Quanto mais o banco cobrar de spread, mais juros terá que pagar. Quando o banqueiro subir o juro, vai doer no bolso dele, antes de doer no bolso do cliente”, disse.
Henrique Meirelles (MDB)
Além de apresentar o histórico de resultados que obteve ao longo de sua gestão como ministro da Fazenda e presidente do BC, Meirelles destacou que é preciso resgatar a confiança no país. “Temos que restabelecer a confiança. Houve uma quebra nessa confiança, que se agrava agora em consequência do quadro eleitoral”, afirmou. O candidato ainda ressaltou que, nos primeiros cem dias de governo, pretende focar em reforma tributária, reforma da Previdência e choque de produtividade. Acrescentou que a viabilidade das medidas passam pela redução das despesas públicas. “Em 1991, elas representavam pouco mais de 10% do PIB e esse montante dobrou até 2016. O país passou então a trabalhar mais para pagar o governo”, disse, acrescentando que 75% destas despesas são previdenciárias.
Ciro Gomes (PDT)
O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes apresentou suas ideias sobre a reforma tributária, com exemplo de medidas para tornar a tributação sobre comércio e serviços mais eficiente. “Precisamos crescer mais que os pífios 2% ao ano”, afirmou. O candidato do PDT mencionou ainda que tem uma proposta para a reforma da Previdência que deve incluir a capitalização dos aportes no sistema, como forma de evitar que ele se esgote e veja a necessidade de novas mudanças em pouco tempo. Gomes disse ainda que “o Brasil tem que dedicar os seis primeiros meses do novo governo a uma discussão sobre reformas”. Ciro sugeriu a transferência de incidências de impostos dos rendimentos para os resultados, unificação de tributos e a adoção de um Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA), que incida sobre a despesa ou consumo das transações efetuadas pelo contribuinte.
Álvaro Dias (Podemos)
Em seu discurso, o candidato Álvaro Dias, afirmou que, apesar dos avanços no combate a corrupção, “há uma guerra que precisa ser travada contra um modelo de política que arrasou o Brasil”. Segundo o candidato, “os fracassados são os governantes e não o povo”. Questionado, o candidato disse que seu plano de governo inclui 19 metas, que englobam reformas como a da Previdência e o corte de despesas para zerar o déficit público. “No primeiro ano, nosso objetivo é corte de 10% em todos os gastos. No segundo ano virá o ajuste fiscal, com orçamento base zero, a partir da análise e justificativa de cada gasto.” Reforçou ainda que, “se a corrupção for eliminada, a redução de gastos será ainda maior.”
Encerramento
Ao final do evento, o presidente da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), Paulo Solmucci, fez um balanço positivo. “Foi um dia especial para nosso país. Ouvimos cinco dos principais candidatos dentro da nossa proposta de construção de um Brasil novo. Não acreditamos numa sociedade dividida, mas numa sociedade bem informada”, comemorou.
Fonte: Newtrade