Olá a todos
Eu acredito que praticamente todos os profissionais de mercado tenham algum apreço pela liderança. Talvez da maneira errada, querendo apenas serem “chefes” de alguém ou de alguma coisa.
A liderança como contexto é algo que vem sendo profundamente discutido nas organizações, sempre fazendo parte dos processos propostos como modernos ou de ruptura.
Nos novos modelos propostos, sai o papel do chefe que manda, entra o líder que todos seguem, como um exemplo a ser perseguido, ora pela conduta, pela sabedoria ou até mesmo pelos resultados alcançados.
Quando analisamos o contexto de liderança dentro do segmento de varejo, são poucas as marcas que conseguiram sucesso ou se mantém bem no mercado sem um grande líder.
E o ponto em comum, em minha opinião, é que as grandes lideranças do varejo brasileiro são muito mais “emocionais” do que “racionais”. Ainda é a paixão, a ambição, ou ego, que movem as principais lideranças.
A paixão pelo o que se faz, a ambição em sempre conquistar novos mercados, ou o ego de figurar entre as marcas mais importantes são valores que talvez tenham sido em algum momento da jornada da empresa mais importantes que simplesmente “a última linha do Excel”, o lucro.
Há diversos exemplos dessas lideranças onde em alguns momentos cruciais de seus negócios a decisão de dar um passo até mesmo maior do que a perna pode ter sido decisiva em um crescimento maior do negócio.
Luiza Trajano e seu Magazine Luiza é um exemplo, quando decidiram abrir de uma só vez dezenas de lojas em São Paulo, com um impacto surpreendente de mercado, e imediatamente deixando de ser um player regional.
A decisão de Flavio Rocha, da Riachuelo de trazer peças assinadas por empresas como Versace e Karl Lagerfeld, entre outros estilistas brasileiros, não somente levou a empresa à novos patamares de valia na visão do consumidor, como força até hoje o mercado à uma equiparação.
De outra maneira, passos perigosos podem ser danosos ao negócio. Abílio Diniz, um dos líderes mais respeitados do varejo, com decisões surpreendentes como a aquisição das Casas Bahia, depois de terem comprado o Ponto Frio, viu sua decisão de tentar comprar a operação do Carrefour no Brasil como o ponto de ruptura com seus sócios franceses, o que acabou tirando-o completamente do negócio que sua família fundou.
Há hoje bons exemplos de lideranças que mostram outros caminhos. Um deles é a de José Galló, das Lojas Renner, que numa política de “arroz e feijão” bem feito, num estilo mais low-profile e centrado na boa gestão e “na última linha do Excel”, conforme citei acima, conduz a empresa em um cenário de vendas altas mesmo em tempos de crise.
Há momentos distintos para todas as empresas. De fato, mesmo que consiga destaque em alguma ação intempestiva, em algum momento as empresas precisam voltar ao básico, à gestão e aos números para controlar o barco. Não é possível sobreviver somente com audácia no varejo.
De fato, num mundo onde todos precisam se destacar de alguma maneira em seus mercados, talvez a liderança também exija um posicionamento diferenciado de acordo com as condições disponíveis, sejam elas favoráveis ou não.
Um grande abraço e boas vendas,
Por Caio Camargo