*Por Arnaldo Vhieira é coordenador do curso de Gestão Financeira do Complexo Educacional FMU
Resido em um bairro que, durante trinta anos, contou com os serviços da uma padaria com excelentes pães quentinhos a cada formada. O movimento era intenso, com clientes fiéis.
Em determinado domingo, ao acordar e descer para comprar o “delicioso pão quentinho”, deparei-me com o estabelecimento fechado e com uma faixa escrito: aluga-se ou vende-se.
Confesso que fiquei decepcionado e, ao mesmo tempo, triste, pois a tradicional padaria encerrava um ciclo de três décadas de um negócio familiar.
Lembrei do meu avô português, que também tinha uma “padoca” com ponto comercial próprio, com as atividades encerradas somente após a morte do seu dono.
Procurei, então, saber os motivos pelo fechamento da padaria em frente a minha casa e, conversando com pessoas próximas aos proprietários, recebi como resposta que, dentre vários motivos, o preço do aluguel estava muito alto e impedia a sustentabilidade do negócio em tempos de crise.
O caso acima é a realidade de muitos empreendedores que, nesse período de crise ou de retomada da economia, vivem às voltas de ajustes nas contas e saúde financeiras da empresa.
Outra realidade – e, por que não dizer, dificuldade – é encontrar ou pagar o valor justo pelo ponto comercial ideal e que traga retorno financeiro para o negócio.
Quando sou questionando de qual valor ideal para pagar aluguel, sugiro sempre que o saudável é entre 8% a 11% do valor de faturamento bruto da empresa.
No caso de contratos de aluguéis em andamento e, diante do faturamento real do empreendimento, as negociações podem chegar até a 15% do valor de sua receita. Dessa forma, o negócio consegue manter uma margem de lucratividade saudável para viabilizar a sobrevivência e o desenvolvimento de suas atividades.
É necessário lembrar que o lucro é resultado da conta matemática de receita versus despesas, sendo os valores cobrados pelos seus produtos e serviços impactados por essa conta, o que garante, também, a sua competitividade no mercado.
Caro empreendedor, analise suas contas e verifique se as despesas do seu ponto comercial estão entre esses percentuais.
Leve em conta não somente o aluguel mensal, e sim todas as despesas em longo prazo com o contrato, o que envolve ajustes futuros. Além disso, considere aspectos como: localização, clientela fiel, concorrência e estratégias de ampliação do negócio.
Por fim, antes de tomar qualquer decisão drástica que culmine o encerramento de suas atividades, negocie. Em tempos de crise, a negociação é o caminho para os negócios e deve estar na agenda de atenção para os ajustes das conta.
Retorno, com isso, à citação que fiz em 2016 nesse mesmo espaço e que se trata de um ditado popular: “o primeiro negócio de todo negócio para qualquer negócio é permanecer no negócio.”