Ele estava de bom humor. Entrou dançando. Riu. Fez piada e saiu cantando. E com chapéu de caubói. Elon Musk fez outra aparição no SXSW neste domingo (11/03). Mais uma vez em grande estilo. Depois de ter uma breve participação num painel com o elenco de Westworld no sábado, o empresário, fundador da Tesla e da SpaceX, lotou uma casa de shows de Austin. Centenas de pessoas foram ao Moody Theater ouvir Musk responder a perguntas enviadas pelo público. Uma das referências mundiais em inovação, o empresário falou sobre as ameaças da inteligência artificial, a futura chegada da humanidade a Marte (será?) e mobilidade. Abaixo, você pode conferir os melhores momentos do encontro divididos por temas.
Chegada dos humanos a Marte
No curto prazo, o que precisamos para ir a Marte é construir a nave espacial. Estamos progredindo nesse sentido. Uma vez que ela esteja pronta e seja possível levar pessoas para lá e para a Lua, serão necessários recursos financeiros, porque será preciso construir tudo o que permite que a civilização exista. É o caso de estações de energia e domos de vidro para plantar comida, por exemplo. Sem isso não sobreviveremos. E será mais difícil fazer isso num local como a Lua ou Marte. Às vezes, brincam que a Lua poderá se tornar uma casa para descanso de ricaços, mas não será assim de maneira nenhuma. Ir à Lua ou a Marte será difícil, perigoso e você terá uma boa chance de acabar morto. Mas haverá uma explosão de empreendedorismo, porque Marte precisará de tudo. Por sinal, acho que o planeta deveria ter ótimos bares. A SpaceX deve começar a fazer voos curtos, de subida e descida, com a aeronave que estamos construindo para ir ao planeta no ano que vem.
SpaceX
Eu diria que a SpaceX e a Tesla tinham 10% de chances de serem bem-sucedidas. Fui em frente e criei a SpaceX porque via que não estávamos avançando em mandar as pessoas a Marte ou em montar uma base na Lua. Onde estavam, afinal, os hotéis espaciais que foram prometidos no filme 2001? Quando tomei a decisão, fui atrás do preço dos foguetes e descobri que eram caríssimos. Eles, na verdade, tornaram-se mais caros e não mais baratos ao longo dos anos. Cheguei à conclusão de que deveria haver alguma maneira de resolver esse problema. Um dos desafios era fazer os foguetes serem reutilizáveis. Embarcamos nessa jornada para criar a SpaceX em 2002. Naquela época, não deixei meus amigos investirem porque não queria que eles perdessem dinheiro. Preferia perder o meu. Eu tinha o plano de investir metade dos US$ 180 milhões do PayPal na SpaceX, na Tesla e na Solar City. Pensei que fosse o suficiente. Não foi. E a SpaceX de fato quase faliu. Tínhamos recursos para três voos e os três falharam. Precisei colocar mais dinheiro. Se o quarto lançamento não tivesse dado certo, teria sido o fim da SpaceX.
The Boring Company
Passo quase todo o meu tempo me dividindo entre a Tesla e a SpaceX. A Boring Company começou mais como uma brincadeira, porque era um nome engraçado para uma empresa. Por quatro ou cinco anos, sempre que eu fazia uma apresentação e me perguntavam sobre oportunidades de negócios eu falava em túneis – “por favor, alguém construa túneis”, eu dizia. Depois de cinco anos implorando para as pessoas construírem túneis e nada, pensei: ok, eu vou construir os túneis [a Boring Company está desenvolvendo o Hyperloop, um sistema de transporte de alta velocidade operado em túneis]. As pessoas costumam gostar da ideia de ter um carro voador, mas pense se realmente seria legal se todos ao seu lado também tivessem um. Não parece tão bom, certo? Com a Boring Company, eu gasto apenas uns 2% do meu tempo, embora ela seja o assunto de 20% dos meus tweets. Eu me divirto com a empresa, mas gasto pouco tempo com ela.
Inteligência artificial
Os especialistas em inteligência artificial acham que sabem mais do que sabem e também que são mais espertos do que são. Estamos perto de um ponto de virada em IA e isso me assusta muito. Os avanços estão ocorrendo rapidamente e o potencial de evolução é exponencial. Ninguém esperava uma rapidez tão grande. A curva de aprendizado está melhorando dramaticamente e temos que nos assegurar que o avanço da inteligência digital seja simbiótico com a humanidade. Acho que essa é a maior e mais importante crise existencial pela qual passamos. Eu não sou normalmente um defensor de regulamentação, mas esse é um caso em que você tem um risco grande para o público. Deveria haver um órgão responsável por garantir que todos estão desenvolvendo IA de maneira segura. Essa é a coisa mais importante que poderíamos fazer. Acho que o perigo da IA é muito maior do que o das armas nucleares. De longe. E ninguém jamais iria achar normal permitir que as pessoas criassem armas nucleares se quisessem. Seria insano.