Entre as mudanças que a crise gerada pela pandemia provocou, o avanço do delivery de alimentos é uma das mais notáveis: se você não pediu algo para comer em casa, conhece alguém que passou pela experiência nesses últimos meses.
O iFood, uma das principais empresas do setor, recebeu 40 mil novos restaurantes durante a pandemia, cerca de 33% do total registrado antes da crise, quando 120 mil estavam cadastrados.
Os dados foram apresentados por Diego Barreto, CFO (diretor financeiro) do iFood, nesta quinta-feira (16) no painel “Alimentação em casa: quais mudanças vieram para ficar no mercado delivery” durante a Expert 2020.
Diego Barreto, CFO do iFood
Barreto trouxe um panorama do setor e destacou o aumento da relevância do e-commerce brasileiro, que, segundo ele, ganhou força depois que os brasileiros descobriram a facilidade e comodidade das compras online. “As pessoas deixaram de usar a cozinha para pedir algo pronto e viram que o delivery respeita o gosto de todos na casa, cada um pode pedir uma coisa. Foi uma mudança de hábito”, diz.
Hábitos na pandemia
Barreto explica que os pedidos feitos pelo iFood cresceram principalmente entre os clientes que já estavam na plataforma e intensificaram o uso do aplicativo. “Os novos clientes apresentaram uma frequência de consumo menor na pandemia, mas a curva de consumo tem aumentando ao longo do tempo”, diz.
Uma mudança verificada na pandemia foi a diminuição na variedade dos pedidos. “O receio pela limpeza e segurança no meio de uma pandemia se mostraram presentes. Itens como pizzas e hambúrgueres foram destaques”, diz.
Além disso, houve aumento de entregas nos períodos do café da manhã e no café da tarde. “Geralmente, as pessoas faziam essas refeições no caminho do trabalho ou no escritório, mas passaram a pedir também essas refeições via delivery”, explica.
Uma última tendência destacada por ele foi o aumento de pedidos vegetarianos e veganos. “Não havia muita oferta desse tipo de prato no mundo online, mas com a pandemia mais restaurantes vegetarianos entraram na plataforma e o engajamento de clientes cresceu”, diz.
Restaurantes
De maneira geral, os restaurantes foram severamente afetados pela crise e muitos viram no delivery a saída para sobreviver. “Via de regra, os restaurantes não tinham necessidade de ser digitais. Uma boa localização e um produto de qualidade eram suficientes para girar o negócio. Uma vez acertada a gestão e o cardápio, o restaurante operava”, diz o CFO.
Inovação
Segundo ele, os restaurantes que estavam na plataforma pré-pandemia já estavam acostumados com as entregas, mas tiveram o desafio de adaptar as operações ao mundo digital. “Mas os novos restaurantes, cerca de 40 mil, além de se digitalizar, ainda tiveram o desafio extra de mudar a logística”, diz.
Para Barreto, os restaurantes vão voltar a operar presencialmente, já que o ser humano tem como atributo intrínseco a socialização, então vai querer sair e ter a experiência de conhecer um local novo. Mas ele diz que o consumidor descobriu que não necessariamente precisa ir a um restaurante para experimentar algo diferente e socializar e, ficando em casa, ele ainda evita filas e gastos com estacionamento.