Os tradicionais carnês de papel das Casas Bahia podem se tornar o símbolo de uma importante mudança que a Via Varejo, dona da rede de eletrodomésticos, pretende causar nas relações entre o setor financeiro e o varejo.
Enquanto no passado a maioria dos varejistas vinha firmando contratos cedendo a grandes bancos suas carteiras de crédito, a Casas Bahia manteve a posse de seus carnês. Com isso, vai transformar o histórico desses clientes em um ativo que será usado para dar os primeiros passos em direção a um negócio de meio de pagamentos móvel, que tende a substituir os pagamentos feitos nas conhecidas “maquininhas” de cartões.
A empresa acredita ter potencial para replicar no Brasil a transformação provocada pelas chinesas Alipay e WeChat Pay nas tendências da indústria global de meios de pagamento.
Carnê digital. Com a parceria recém anunciada com a Airfox, empresa sediada em Boston e incubada em Harvard, a Via Varejo espera crescimento na base de clientes que consomem com carnê, por meio de um “carnê digital”, que vai rodar num aplicativo de celular.
A notícia pode não agradar aos grandes bancos, que ainda disputam espaço no varejo com suas maquininhas. A Casas Bahia tem um acordo para financiamento de parte das carteiras de crédito com o Bradesco, mas o carnê não faz parte. Já na rede Pontofrio, que também pertence ao grupo, a exclusividade é de uma financeira em parceria com o Itaú Unibanco.
Primeiro o cliente. O diretor financeiro da Via Varejo, Felipe Negrão, não acredita em eventuais “rusgas” com seus bancos parceiros, já que a companhia está “respeitando todos os acordos” com as instituições, mas defende que “o cliente vem em primeiro lugar”.
Fonte: Newtrade