A recuperação do varejo já começou em algumas regiões do País, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. Durante a crise econômica, 226,5 mil estabelecimentos de comércio varejista fecharam as portas. No entanto, vencidas as etapas de aumento das vendas e de contratação de funcionários para dar conta da maior demanda, alguns bairros do principal centro financeiro brasileiro, o município de São Paulo, já começam a registrar crescimento no número de pontos de vendas. A recuperação na região começou pelos setores de móveis e eletrodomésticos, com 132 lojas a mais em 2017.
As outras duas atividades com saldo positivo no ano foram equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (127 lojas) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (112 lojas). “Leva cerca de seis meses entre o aumento nas vendas e a abertura de lojas. A confiança do empresário para dar esse passo depende antes de um crescimento consistente da demanda, seguido pela necessidade de novas contratações de funcionários. Essas duas coisas já estão acontecendo, então não vai demorar muito para voltar a ter abertura de lojas no Brasil”, previu Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.
Balanço
No ano passado, em todo o Brasil, o saldo entre aberturas e fechamentos de estabelecimentos comerciais ainda ficou negativo em 19,3 mil unidades. Na capital do Estado de São Paulo foram extintas 1.080 lojas, mas o aumento da demanda em alguns bairros animou varejistas a abrir novos estabelecimentos. Moema liderou o ranking dos bairros que encerraram 2017 com mais lojas do que em 2016: 96 estabelecimentos a mais. Em seguida figuraram os bairros do Bom Retiro (67 lojas a mais), Jardim Paulista (52), Cidade Líder (51), Vila Curuçá (45), Mooca (40), Água Rasa (39), Brasilândia (33), Barra Funda (31), Jabaquara (30), Socorro (30) e Jaçanã (30).
Na capital do Rio de Janeiro, o bairro com maior número de novas lojas foi Cordovil, com 40 estabelecimentos a mais. Os demais destaques foram Lins de Vasconcelos (29 lojas a mais), Abolição (25), Tauá (12) e Vila da Penha (11). “No Rio de Janeiro, embora a situação ainda seja muito grave, tende a se estabilizar. No caso de São Paulo, a reversão foi muito mais rápida. Acredito que a abertura de lojas vá começar a gerar saldos positivos antes do encerramento do primeiro semestre”, disse Fabio Bentes.
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem mostrado uma evolução favorável na confiança do empresário do setor desde 2016. No entanto, a recuperação ainda ocorre em ritmo gradual, ponderou Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). “Os empresários estão percebendo uma recuperação das vendas e de margens”, avaliou Tobler. “A avaliação é de que o pior já passou, mas ainda é um início de recuperação. Ainda é preciso confirmar se isso vai se traduzir logo em abertura de lojas, mas caminha nessa direção”, avaliou o pesquisador.
Em 2017, o varejo teve um crescimento de 4,0% no volume de vendas. A CNC projeta um avanço de 5,1% em 2018.