Daniela Klaiman, especialista em tendências, contou no CONAREC 2017 o que você precisa deixar de pensar agora para entrar de vez no futuro
Projetar o futuro é encarar o passado. Daniela Klaiman é especialista nisso. Futurista e consultora de Consumer Behavior and Trends Research, ela é formada em tecnologia, futurismo e empreendedorismo pelo TIP (Transdiciplinary Innovation Program) pela Universidade de Jerusalém e tem tantos outros créditos que a tornam uma futurista. No CONAREC 2017, ela contou quatro principais mudanças de comportamento e mindset que pessoas e empresas precisam fazer para acompanhar o que vem por aí.
1) Parar de pensar no individual e pensar no coletivo
A era do individualismo está no fim. “A gente sempre buscou a satisfação pessoal sem nos preocupar com o resto, mas esse tipo de comportamento não está mais funcionando e a gente realmente precisa mudar a forma de nos relacionarmos com o mundo”, afirmou a especialista. “O bem coletivo emerge e é o fim do protagonismo”, disse.
Esse comportamento já se vê em uma parcela dos Millennials, que buscam cada vez mais fazer algo de valor, com propósito e impacto no mundo. Se antes existiam donos de iniciativas e ideias, essa nova geração joga a ideia no ar para fazer acontecer coletivamente. “As startups são exatamente isso e o interessante. É menos importante quem teve a ideia e muito mais a equipe que faz acontecer. Não importa mais quem é o CEO”, disse.
2) O racional cede lugar ao emocional
Antes, afirma, o mercado era de quem o dominava. Agora, entramos em uma era do monopólio social: domina o mercado as empresas que conquistam o coração das pessoas; domina o mercado quem tiver mais pessoas unidas em torno dele. Daniela explica que o que vai acontecer é um crescimento do que já está acontecendo: as empresas de maior valor são aqueles que construíram comunidades gigantes em torno delas. É o caso do Uber, Facebook, Airbnb.
E, veja, elas são únicas.
A nova economia global, pautada na confiança, reforça a tendência do emocional liderar. “A economia da confiança é importante porque ela conecta as pessoas e, assim, descentralizo toda a produção de tudo. As pessoas passam a ser produtoras. A tecnologia trouxe de volta essa confiança entre as pessoas e ajudou a mudar a forma de valorar as empresas. Elas não valem mais o lucro que têm, mas o valor que elas entregam”, disse.
O feminismo crescente é outra característica desse novo mindset. Segundo a especialista estamos na era do feminino. “Não porque somos melhores que os homens ou por algum tipo de vingança, mas porque os valores perseguidos hoje e no futuro são femininos”, afirmou. “Agora estamos vendo uma inversão. Os valores emocionais e femininos vão assumir mudando a energia dos lugares, por isso estamos ouvindo tanto falar em empatia e de se colocar no lugar do outro”, explicou.
3) O pensamento exponencial ganha espaço do linear
A dinâmica “uma coisa de cada vez” perde espaço agora e no futuro. O que era repetitivo, totalmente previsível e que tinha um crescimento sustentável, porém lento, está dando espaço ao exponencial. A culpa por esse novo ritmo – de vida e de negócios – é das startups. “Elas começam devagar e, de repente, explodem. A velocidade de tudo está maior. Grandes mercados desapareceram e a grande tendência da exponencialidade é melhorar a tecnologia e cair o preço. E essa é a grande virada: com ela, a capacidade de transformar produtos e serviços cada vez mais acessíveis e a custo zero é maior”, afirmou. Isso representa um desafio e tanto para as companhias.
4) Sai a mentalidade de escassez e entra a mentalidade da abundância
“Na mentalidade de escassez, temos poucas indústrias produzindo pouca quantidade, com poucas pessoas com acesso. Com a nova economia, a gente consegue inverter tudo isso: a oferta aumenta muito, o preço cai bastante e a economia gira muito melhor”, considerou Daniela. “A escassez é gerada por medo. Notícias boas geram abundancia. Já estão sendo desenvolvidas tecnologias que resolvem os grandes problemas da humanidade”, afirmou.
Na mentalidade da abundância, atuam “5 D’s exponenciais”: digitalização; disrupção para transformar mercados inteiros; desmaterialização, para quebrar a lógica dos espaços físicos; desmonetização, para vender a mesma coisa cobrando de uma maneira diferente; e democratização, para ampliar o acesso.