A holding Halipar, detentora de redes de alimentação como Griletto e Montana, comprou o controle da cadeia de franquias Croasonho, com 72 unidades no país e R$ 110 milhões de faturamento previsto em 2017. Com essa operação, o grupo volta a buscar ativos no mercado, após um período de um ano e meio sem concluir novas aquisições no setor. O anúncio da transação foi feito aos franqueados da Croasonho.
Criada em 2015 com o intuito de formar um grupo que consolide negócios de franquias de alimentação, a Halipar tem como sócio minoritário a empresa de investimentos G5 Evercore, fundada pelo ex-presidente do Goldman Sachs na América Latina, Corrado Varoli. O negócio, atualmente com seis marcas de franquias, foi criado em sociedade com as operações de fast-food da J. Alves (Griletto e Montana) e do Grupo Ornatus (Jin Jin e My Sandwich).
Com o acordo fechado com a Croasonho, a holding complementa o seu portfólio de marcas e busca ampliar as opções de negócios para os franqueados. Por exemplo, o franqueado de um restaurante da rede Montana ou Jin Jin poderá abrir uma unidade da Croasonho dentro de uma estrutura de custos menor (há um único centro de serviços compartilhados) e integrada em termos de sistemas de tecnologia.
“Voltamos a nos movimentar após um período em que decidimos desacelerar a busca por novos negócios, por causa de um mercado afetado pela crise”, disse ontem Marcelo Serfaty, sócio da G5 Evercore. “Nesse período, aproveitamos para fazer ajustes nas redes já controladas, dentro de uma expectativa de que o mercado mudaria em algum momento. Percebemos neste ano uma melhora no humor do investidor e decidimos que era hora de buscar novos negócios”. A empresa não identificou desaceleração na demanda com o aprofundamento da crise política.
Segundo o acertado entre as partes, os três sócios da Croasonho – Eduardo Silva, Gustavo Susin e Luciano Bulla – se tornam minoritários na operação, com a Halipar como controladora, e devem se manter à frente da gestão da rede de franquias de pães folhados doces e salgados. A expectativa é que a marca abra cerca de 20 pontos neste ano (o projeto já existia antes do acordo) e atinja faturamento de R$ 110 milhões em 2017, alta de 10% sobre 2016. Em três anos, o plano é que o número de lojas dobre para 150 pontos.
“Cerca de 60% do total de lojas da Croasonho está no Sul. São Paulo responde só por 15%. A intenção é ampliar a participação do Sudeste no total”, disse Eduardo Silva, diretor-executivo da Croasonho. “Parte dos franqueados da Halipar tem uma operação mais forte em São Paulo, onde poderemos abrir pontos da Croasonho. E como nós já conhecemos bem a região Sul, seremos o apoio de franqueados da holding que querem ir para o Sul. É uma troca”.
Foram avaliadas pela Halipar dez redes de alimentação com potencial para um acordo, restando três ao fim desse processo. “Tem muito negócio esquisito por aí. Muito jacaré com cabeça de hipopótamo. Negócios com problemas fiscais, trabalhistas, e muitos não auditados”, diz Serfaty. “Quando tentamos buscar um acordo, não sobram tantas opções”. No Brasil, grupos consolidados de negócios de franquias são poucos, ao contrário do que ocorre em mercados maduros, como nos EUA.
O fundo criado em 2015, que reúne os investidores nas redes de alimentação, somava cerca de R$ 150 milhões em capital para aquisições – atualmente, após negociações já feitas, esse valor hoje atinge cerca de R$ 50 milhões. “Temos uma garantia de que haverá subscrição caso seja preciso uma capitalização”, diz Serfaty.
A Halipar tem cerca de 400 pontos e 300 franqueados (alguns com mais de um ponto). Ao fim de 2015, o negócio somava 325 unidades e faturamento de R$ 500 milhões. A expectativa é atingir R$ 700 milhões e 485 pontos ao fim de 2017. Em 2016, o crescimento ficou abaixo de 10%. Está mantido o plano, anunciado em 2015, de alcançar mil unidades e faturar R$ 1,3 bilhão em 2020. Isso exigiria que a empresa abrisse mais 500 franquias em três anos – cerca de 160 inaugurações ao ano.