O ressurgir das cinzas do Mogi Shopping
Este case é muito interessante e foi o maior desafio da minha carreira em virtude de todo o contexto: O período é inicio de 1998,o Brasil ia muito mal – e o varejo também -, os Shoppings com vacância altíssima e inadimplência idem, até em Shoppings como Morumbi e Iguatemi-SP havia problemas para manter operações vivas. O caos estava instalado.
Naquela época, o Mogi Shopping já tinha passado por diversas administradoras e nada, vacância de mais de 30% inadimplência no mesmo patamar. Lojas sem expressão, estrutura física decadente por falta de manutenção… o Shopping tinha 9 anos, e no mercado de Shoppings havia um consenso: “este shopping vai fechar”. E aí entro eu na história.
Lembro bem que fui num sábado conhecer o Shopping. Levei a família e notei que tinha meia dúzia de “gatos pingados”. Meu filho ainda era um bebê e eu precisava leva-lo ao fraldário. Procurei por um balcão de informações, mas não havia ali. Por isso, perguntei a um segurança onde estava o local. Ele me levou a uma sala que estava trancada, buscou a chave e abriu a sala. Tratava-se de uma pequena sala com uma maca dentro.
Ainda em minha visita ao shopping, percebi que passou um funcionário da manutenção de calça curta e meia rasgada. Pensei: “meu Deus, será que dou conta?“. Assumi o cargo e descobri que o condomínio do Shopping não tinha dinheiro nem para pagar o meu salário e de minha equipe. Recebíamos aos poucos, ao longo do mês seguinte ao trabalhado, com impostos atrasados… enfim. Tudo isso era em virtude de nove anos de penúria. Os Empreendedores já não tinham mais o que aportar, tinha que ser na raça.
Eu e minha equipe, principalmente o Luiz Fernando (meu ex-sócio e co-fundador da Gerccom), e o Sadao (que era meu financeiro) fomos pra cima do problema. Enquanto o Sadao me ajudava a buscar economias e recuperação de atrasados, o Luiz Fernando usava sua criatividade de Marqueteiro para trazer o público de volta. Eu, usando meus contatos de São Paulo, consegui fechar rapidamente um contrato com a Virtual Music (antiga rede de loja de CDs muito forte na época), Franquias da Arezzo e Hering que se somaram a Mc Donald’s, Lojas Americanas, Ri Happy, Preçolândia e outras que gradativamente vieram. Em paralelo, um intenso trabalho de treinamento e profissionalização dos lojistas foi realizado. Conseguimos convence-los em aumentar a verba de fundo de promoção, pois era investimento com retorno certo. Eles acreditaram, viram o retorno e os convencemos a aumentar o fundo de novo e fomos readequando áreas, trazendo mais operações novas. Além disso, a DMV era nossa agência e foi parceira com o Sergio Molina nos brindando com campanhas inovadoras, baratas e de espetacular sucesso.
Em 2007 inauguramos a primeira expansão do Shopping trazendo C&A, Marisa, Academia de Ginástica, Kopenhagen, Bancos etc.. Nesta ocasião, com nosso mercado tendo tido uma revolução, o Shopping foi muito bem vendido por parte dos Empreendedores que tiveram um espetacular sucesso com um Shopping que um dia foi motivo somente de dor de cabeça para a família Jafet (Carlos, Douglas e Ricardo), empreendedora original do Shopping que se tornaram grandes amigos.
Para concluir, quero dizer que não conheço no nosso mercado – principalmente nesse período da economia – nenhum caso de revitalização de um Shopping apenas com trabalho de gestão, sem que houvesse investimento algum por parte dos Empreendedores.
Por: Edilson Mota de Oliveira