Há alguns anos, o apocalipse varejista é profetizado para o momento em que a tecnologia se tornar onipresente; o que se observa no mundo é o contrário
Os dias de congresso da NRF 2018, com os grandes nomes da inovação e do varejo americanos numa Nova York gelada, apontam que a chance de 2018 ser marcado como o ano do apocalipse varejista é o mesmo de ver nascer um sol tropical sobre o rio Hudson nesta época do ano.
Os congressistas apontam para um futuro promissor do varejo para os próximos anos impulsionado pela tecnologia, apontada como o leviatã do mercado por alguns. Confira cinco afirmações que embasam o apocalipse varejista e como elas são refutadas uma a uma.
1. A queda nas vendas é a prova cabal
O varejo cresceu cerca de 4% na América do Norte em 2017. Os varejistas americanos geraram 7,9 bilhões de dólares em vendas on-line na Black Friday e no Dia de Ação de Graças, um aumento de cerca de 18% em relação ao ano anterior. Acontece uma escalada de compras digitais cada vez mais vertical.
2. Os celulares não são tão relevantes em relação a vendas
É possível afirmar que o celular seja a força motriz das vendas no futuro, dispensando qualquer outro tipo de aparelho. O grande obstáculo, por enquanto, é o de converter tráfego em vendas. Se 60% do tráfego web vem dos celulares, apenas 30% das conversão são registradas nesse tipo de aparelho. O desafio está em criar aplicativos e experiências eficazes em conversão. As vendas por assistentes de voz vão crescer exponencialmente até 2020.
3. Quanto do crescimento é da Amazon?
Quando fala-se em crescimento do varejo pergunta-se (não sem motivo) “quanto disso é Amazon”? A empresa foi responsável por 44% das vendas do varejo on-line americano em 2017. Em escala global, porém, a gigante americana é uma fatia de 100 bilhões de dólares em um bolo de 4 trilhões de dólares.
A expectativa é de crescimento dos varejistas menores, que ainda estão engatinhando no mercado on-line. As marcas ainda sofrem muito quando precisam conciliar escala e personalização. Apenas 5% dos varejistas chegaram ao patamar mais alto de personalização, segundo classificação da IDC Retail Insight, que separa os varejistas por capacidade de personalização. O espaço para desenvolver-se é imenso.
4. As lojas físicas morrem
Dos 174 milhões de pessoas que gastaram durante o feriado de cinco dias do Dia de Ação de Graças, o comprador de omnichannel gastou, na média, 82 dólares a mais que um consumidor exclusivamente on-line. Em comparação aos consumidores exclusivos de lojas físicas, o gasto foi de 49 dólares a mais. As lojas físicas são fundamentais principalmente na etapa final da compra.
As vendas omnichannel acabam, ainda, suprindo falhas de sistemas que o mercado estritamente on-line ainda comete. A evolução tecnológica e dos processos permitirá ainda o casamento cada vez mais perfeito de dados on-line com dados das lojas físicas.
5. A ciência de dados não está acessível a todos
Isso é verdade. Mas o grande problema do varejo hoje não está na tecnologia, mas em ofertar produtos realmente interessantes ao consumidor. Em relação a isso, a ciência de dados é ainda pouco importante. Uma vez entendida a importância do valor de um produto, a ciência dos dados se torna realmente poderosa.
Escrito Raphael Coraccini
Fonte: Novarejo